Justin Bieber ainda clama por redenção

Músico apresentou a sua Purpose World Tour para mais de 18 mil pessoas na MEO Arena
Publicado a
Atualizado a

Os ponteiros do relógio ainda não apontavam as nove horas da noite quando Justin Bieber surge dos céus dentro de uma jaula de vidro. Enclausurado enquanto cantava Mark My Words, sob o olhar atento das mais de 18 mil pessoas que esgotaram há mais de um ano o concerto que assinalou o regresso do cantor à MEO Arena, em Lisboa, três anos depois da sua estreia em palcos portugueses.

"Mark my words, that"s all that I have", cantava Bieber, um tema que é claramente de redenção e na verdade toda a postura do músico em palco corrobora com essa necessidade que tem vindo a mostrar desde que em 2015 regressou à música, depois de uma pausa mediática que se sucedeu a um mar de acontecimentos controversos que fizeram as delícias da imprensa mais sensacionalista.

Os poucos momentos em que interagiu com o público vão ao encontro desse clamar por redenção, que teve o seu auge antes do primeiro encore, com Purpose, a canção que dá título ao álbum que editou há sensivelmente um ano e que o transformou numa estrela pop que vai muito além do fenómeno puramente juvenil.

[youtube:O1SzYeH2gug]

No entanto, o público que o admira com devoção não parece sentir qualquer necessidade de redimir Bieber. Basta a sua presença física para que tudo fique ganho. O próprio tem essa consciência, ou não se preocupasse minimamente em muitos momentos fingir sequer que cantava por cima da sua voz pré-gravada, mais preocupado em acompanhar a sua trupe de dançarinos e a caminhar pelo palco no meio de um espetáculo grandioso.

Bieber parece viver num impasse, entre o artista que provavelmente quer ser e a imagem que os fãs que o acompanham há já seis anos lhe impõem, mesmo que inconscientemente. No entanto, se em muitas alturas foi notório que a voz que se ouvia já estava gravada, por outro, quando quis mostrou o que valia sem distrações ou aparatos. Por exemplo, após fazer a festa ao som de Boyfriend (do álbum Believe, de 2012), surgiu um sofá no centro do palco e munido somente de uma guitarra Bieber cantou em versões despidas de efeitos os temas Cold Water (original dos Major Lazer, que conta com a sua participação) e Love Yourself (um dos singles mais celebrados de Purpose). O mesmo aconteceu na reta final do concerto, com a balada Life is Worth Living, onde provou que se não cantou sempre durante todo o espetáculo, isso não se prende com falta de capacidades vocais.

A produção que trouxe até Lisboa é verdadeiramente grandiosa. Basta referir que só para o concerto de Portugal Bieber veio com uma equipa de 200 pessoas, 27 camiões TIR e 11 autocarros de digressão. Não faltam jogos de luzes imponentes, um trabalho intrincado em torno de ecrãs e vídeos espalhados pelo palco, lasers, plataformas que se elevavam, fogo-de-artifício e até um palco suspenso que não era mais um trampolim gigante no qual Bieber pôde dar azo às suas acrobacias, durante a canção Company, do último disco.

Aliás, Purpose foi interpretado praticamente na íntegra, não faltando inclusivamente The Feeling, No Sense e No Pressure, cujos convidados originais, Halsey, Travi$ Scott e Big Sean, surgiram nos ecrãs gigantes.

[youtube:yZ79FrUKe2s]

Ainda que por vezes transmitisse alguma distância emocional, essa foi interrompida em momentos como Children, durante a qual dançou com um grupo de crianças fãs da sua música e com quem partilhou momentos de afeição que no quadro geral servem, obviamente, para destacar uma emotividade que nem sempre era destacada.

No entanto, o público que encheu a MEO Arena estava conquistado à partida e seria muito difícil não sair da sala plenamente conquistado. O entusiasmo era tal que um fã, mesmo no final do espetáculo, ainda conseguiu subir ao palco, mas rapidamente foi travado pelos seguranças presentes.

[youtube:tu8EoLyusZw]

A despedida fez-se ao som de Sorry, numa festa épica e que reforçou o potencial de estrela pop que Justin Bieber tem. Basta querer sê-lo.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt