A verdadeira princesa não precisa de vestido
Era uma vez um príncipe que queria casar com uma princesa de verdade. Mas hoje em dia é muito difícil encontrar verdadeiras princesas, como ter a certeza que não estava a ser enganado? Era uma vez uma princesa que era muito diferente das outras princesas todas. Imitava aviões, dançava, gostava de brincar e era muito senhora do seu nariz. Mas será ela uma verdadeira princesa?
A Princesa e a Ervilha é um dos primeiros contos do autor dinamarquês Hans Christian Andersen e foi publicado em 1835. A companhia norueguesa Dybkidans traz este conto para os dias de hoje e para a sala do Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Para tal basta um ator e uma atriz/bailarina, uma pilha de vinte colchões e muita imaginação.
"Nesta idade, dos três aos cinco anos, a fantasia está no seu máximo. As crianças já não são bebés, já sabem fazer associações, criar sentidos novos e desfrutar muito da fantasia", explica a coreógrafa Siri Dybwik, que criou o espetáculo. "Mas mesmo assim temos de nos lembrar que eles ainda são pequeninos e experienciam com o corpo todo. Não querem apenas ver com os olhos mas com todos os sentidos. Também gostam de dançar de cantar durante o espetáculo e talvez queiram dizer alguma coisa." Por isso, o espetáculo é apresentado numa sala pequena, com grande proximidade entre os atores e o público. "Se esticarem os braços podem tocar-lhes."
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Esta proximidade começa ainda antes do espetáculo começar. São os atores que recebem as famílias, conversam com os miúdos e com os pais, podem ensinar-lhes algumas canções, convidá-los a tirar os sapatos. As crianças têm roupas com que se podem mascarar. "Quando eles se vestem sentem que passam a fazer parte do espetáculo", explica Siri Dybwik.
Grande parte da história é contada por vozes gravadas de outras crianças - e aqui serão vozes portuguesas - mas o príncipe Nils Christian Fossdal e a princesa Gerd Elin Aase também aprenderam a dizer as suas falas em português. Claro que os atores não vão perceber tudo o que os pequenos espetadores decidirem dizer e não lhes poderão responder com frases muito elaboradas, mas darão o seu melhor. E na sala vai estar sempre alguém para ajudar. É habitual que algum miúdo, por exemplo, porque é que a princesa não se parece com as princesas da Disney, porque é que é o príncipe que está vestido de cor-de-rosa. Siri Dybwik explica que apesar de a história ter quase 200 anos este é um espetáculo de hoje e por isso fez questão de ter uma princesa que é "uma mulher forte".
Mas, para além de todas as mensagens, "o mais importante é estarmos todos juntos e contarmos uma história. Nas histórias vemo-nos a nós, vemos o mundo, construímos sonhos. Contar histórias é uma forma de brincar e é a brincar que nos compreendemos como seres humanos. O teatro é um sítio especial porque nos obriga a ficar longe dos telemóveis e dos computadores, a estarmos atentos e a estarmos com outras pessoas. Toda a experiência é importante."
A princesa e a ervilha
Dos 3 aos 5 anos
Entre amanhã e dia 29, às 10.00 e 11.30
Fábrica das Artes, CCB, Lisboa
3,5 euro dias úteis / 6 euro fins de semana