De Nick Cave a Gainsbourg, a caminhada de Mick Harvey
Aterrar em Londres na companhia de Nick Cave foi uma desilusão. Em 1980, na capital britânica já pouco restava da explosão que três anos antes apresentara o punk ao mundo. E Michael Harvey não gostou. "A explosão do punk tinha morrido. Estava transformado num negócio e quando assim é perde-se o rumo. Isso motivou os Birthday Party a serem o mais anárquicos e selvagens possível. Estávamos a tentar recuperar o espírito de 77", conta ao Diário de Notícias o guitarrista que agora prepara dois concertos em Portugal a interpretar o reportório de Serge Gainsbourg.
Foi na escola, nos arredores de Melbourne, que Harvey conheceu Nick Cave e com ele começou a dar os primeiros concertos. Primeiro foram os Boys Next Door, depois da chegada a Londres mudaram de nome para Birthday Party e, finalmente, em 1983 passariam a apresentar-se como Nick Cave and the Bad Seeds. Durante 35 anos, Harvey caminhou lado a lado com Cave até que, em 2010, optou por seguir a solo. Hoje olha para trás e reconhece o mérito do seu vocalista de sempre. "Destaca-se pela forma como escreve e o impulso em se tornar no centro das atenções. A outra grande força é a energia das suas atuações ao vivo, descarrega muita energia, pode estar a cantar muito desafinado e aos gritos, mas há sempre uma grande energia. É muito forte", diz.