Annie, um musical para toda a família por jovens atores

Dois elencos com idades entre os 8 e os 16 anos interpretam a história da menina ruiva que sonha com uma vida fora do orfanato

No palco colam-se lapelas, renovam-se marcações, tiram-se dúvidas com a Sofia. Nos bastidores, colocam-se em posição os figurinos necessários para as diferentes personagens de cada um dos cerca de vinte jovens atores do elenco. Nos camarins, coze-se uma bainha e Sofia (sempre omnipresente) coloca a peruca de caracóis ruivos a Constança e... eis Annie, a protagonista do musical que amanhã se estreia no Teatro da Malaposta.

Não é a primeira vez que os dez anos de Constança pisam o palco, mas é a sua estreia como protagonista, num dos dois elencos que Sofia Espírito Santo alinhou para esta peça sobre o Natal, "a mais antiga que me lembro de ter visto", diz a encenadora ao DN, e que agora decide levar a cena porque gosta e porque conseguiu ter a estrutura financeira (três mil dólares, mais precisamente) para comprar os direitos internacionais do musical que se estreou na Broadway em 1977, baseado na história Annie, a Pequena Órfã, de Harold Gray.

O grupo de cerca de 25 jovens (entre os 8 e os 16 anos) que normalmente formam o Animarte, criado em 2004, foi reforçado para esta produção. Cantar, dançar e representar exige muito e daí a aposta em dois elencos. Uma oportunidade para 23 jovens atores que em fevereiro tinham feito audições e ficaram em lista de espera. Foi o caso de Rodrigo, de 9 anos. Após uma primeira experiência em cima do palco sem qualquer deixa, resolveu insistir. "Senti-me mais vivo no teatro", diz quando questionado sobre a continuação nestas andanças. Já conhecia o Animarte pelas peças a que assistia enquanto espectador, na sede do grupo, no Jardim Botânico da Ajuda, daí a sua aposta.

Diferente é o caso de Francisco. Aos 13 anos vai já no oitavo ano de teatro. Sempre por aqui e por intermédio de Sofia que, como prenda do seu quinto aniversário, lhe abriu as portas do grupo. O que equivale a dizer que Francisco é um bom aluno porque uma das regras rígidas do Animarte passa por aí: é obrigatório ter média de 3,5 no primeiro período, 3,75 no segundo e 4 no final do ano. Uma exigência que já custou alguns amargos de boca, mas "tem de ser", diz perentória Sofia.

Constança, de 10 anos, conhece bem os espaços do Teatro da Malaposta. É aqui que, desde há quatro anos, o Animarte se apresenta no inverno. Mas como protagonista é uma estreia. Conta já com a peruca vinda de Londres colocada pela primeira vez. A que há de chegar da Califórnia, mais penteadinha e para a Annie já fora do orfanato, ainda não chegou e, para já, terá de ser a mesma durante todo o espetáculo.

Tal como os outros atores, Constança gravou alguns dos temas da peça. A Sofia ouviu todos, nos encontros ao fim de semana, desde o final de setembro, foram vendo como dançavam e os papéis foram atribuídos tendo em conta as características de cada um. "Não fazia ideia se seria escolhida [como Annie], mas tinha esse desejo", confessa Constança. Sobre as dificuldades em conciliar a escola e o teatro, sobretudo num papel tão exigente, Constança não hesita ao responder: "Quando queremos uma coisa conseguimos. Toda a gente devia ser positiva como a Annie." Um belo resumo da mensagem deste musical.

Annie, o musical

Estreia amanhã, até 18 de dezembro

Teatro Malaposta, Odivelas Sábados, às 16.00 e às 21.00; domingos às 16.00 - Bilhetes: 7,5euro

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