O terreno do japonês Hirokazu Kore-eda é o melodrama. O seu cinema, nessa respiração que deve muito aos grandes mestres, como Yasujiro Ozu, tem sido uma espécie de fortaleza para a temática da família, sem a reduzir aos lugares comuns da representação. É por isso com alguma surpresa que nos deparamos com este thriller, que segue um advogado absorvido no puzzle de um caso de homicídio, cujo maior mistério está no assassino confesso.
No entanto - e é aqui que redescobrimos o brilho de Kore-eda -, este não é um simples exercício de género. O thriller reveste-se aqui de uma densa matéria dramática, explorando a complexidade da verdade e da mentira como qualquer coisa agarrada à pele...
Ao cineasta de Ninguém Sabe interessa não só expor o funcionamento do sistema judicial, mas sobretudo perscrutar o enigma humano, com vigor filosófico.
Classificação: *** (Bom)