Como filmar a situação trágica que se vive na Síria? É uma pergunta de cinema, de quem não aceita ceder à aceleração formatada de muitas notícias televisivas.
Não se trata, entenda-se, de "desmentir" as notícias, mas sim de trabalhar num diferente registo narrativo, abrindo outras possibilidades de conhecimento e reflexão. O filme do belga Philippe van Leeuw propõe-nos, assim, um retrato íntimo de um espaço familiar - uma casa de Damasco numa zona que já foi intensamente bombardeada - em que os mecanismos de sobrevivência são vividos em ambiente de crescente e perturbante claustrofobia.
Estamos perante um exemplo modelar de um cinema que resiste à diluição anónima no espaço mediático, valorizando as singularidades das suas personagens e respetivas relações. Cinema realmente político, quer dizer, genuinamente humanista.
Classificação: *** bom