Zelensky: "O que os russos têm feito não é diferente do que outros terroristas fizeram"
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou esta terça-feira a Rússia de "colonialismo", por retirar "centenas de milhares" de ucranianos do seu país, criticando a passividade do Conselho de Segurança das Nações Unidas perante a ofensiva russa.
"Querem transformar ucranianos em escravos silenciosos", afirmou Zelensky perante o Conselho de Segurança da ONU, em Nova Iorque, em intervenção por videoconferência.
Numa reunião que está a ser dominada pelo alegado massacre de civis por parte das forças russas em Bucha, Volodymyr Zelensky comparou as tropas russas ao grupo terrorista Daesh. "Ontem [segunda-feira] regressei de Bucha, não há um único crime que os militares russos não tenham cometido. (...) mataram todos os que encontraram pelo caminho. Foram torturados, antes de serem mortos", detalhou.
"Foram mortos nas ruas, nas suas casas, esmagados pelos tanques enquanto estavam nos carros, mulheres violadas em frente aos filhos. Isso não é diferente do que outros terroristas fizeram, como o Daesh, e isso é feito por um membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas", comparou o líder ucraniano.
Volodymyr Zelensky afirmou que os "mais terríveis crimes" estão a ser cometidos na Ucrânia pelos russos, como disparar contra colunas de civis que tentam escapar ou atacar refúgios de civis deliberadamente. "O massacre de Bucha é apenas um de muitos que estão a fazer desde que a guerra começou", garantiu.
O Presidente da Ucrânia aproveitou a sua audiência no Conselho de Segurança para exibir aos diplomatas junto da ONU um vídeo com imagens chocantes das mortes e torturas que alegadamente têm sido comentadas pelas tropas russas.
Centenas de civis mortos foram encontrados em Bucha, uma cidade a 60 quilómetros de Kiev, espalhados pelas ruas, nalguns casos com as mãos amarradas nas costas e atirados em valas comuns, tendo as autoridades ucranianas e os seus aliados acusado os soldados russos de terem cometido esses crimes quando abandonaram a cidade. Moscovo rejeitou qualquer responsabilidade e disse que foi feita uma encenação por Kiev.
Para tentar garantir que a Rússia seja responsabilizada, o líder ucraniano pediu uma reforma imediata do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que permita ao organismo ser "realmente eficaz" e "garantir a paz", sublinhando que "é hora de transformar a estrutura das Nações Unidas".
"Temos de fazer tudo o que está nas nossas mãos para dar às futuras gerações uma ONU eficaz", disse Zelensky.
Zelensky também pediu a exclusão da Rússia do Conselho de Segurança, do qual é um dos cinco membros permanentes e onde tem poder de veto, que tem usado para travar resoluções contrárias às pretensões russas.