O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou esta sexta-feira a demissão de todos os funcionários regionais responsáveis pelo recrutamento militar para acabar com um sistema de corrupção que permite, em particular, que os recrutas fujam do Exército.."Enriquecimento ilegal, legalização de fundos obtidos ilegalmente, lucros ilícitos, transporte ilegal dos recrutas através da fronteira. A nossa solução: demitimos todos os comissários militares", anunciou Zelensky no Telegram, após uma investigação anticorrupção..O presidente informou que foram iniciadas 112 investigações criminais após uma inspeção realizada, entre outros, pelos órgãos anticorrupção da Ucrânia, pelos serviços de segurança (SBU) e pelo Ministério Público.."Há abusos em várias regiões. Donetsk, Poltava, Vinnitsia, Odessa, Kiev", denunciou, apelando ao comandante-chefe, Valeri Zaluzhi, para que substitua os funcionários demitidos por veteranos da guerra iniciada pela Rússia a 24 de fevereiro de 2022.."Este sistema deve ser administrado por pessoas que sabem exatamente o que é a guerra e porque é que o cinismo e o suborno em tempo de guerra são alta traição", acrescentou..Segundo Zelensky, o recrutamento militar deve ser organizado por "soldados que passaram pela linha de frente, que não podem estar nas trincheiras por falta de saúde ou estão mutilados"..O presidente prometeu punir as autoridades corruptas..Em julho, as autoridades ucranianas anunciaram a prisão preventiva de um ex-recrutador militar por suspeita de ter gastado quatro milhões de euros para comprar uma casa de luxo em Espanha, durante a invasão russa..O combate à corrupção na Ucrânia é uma das condições da União Europeia para que mantenha a sua candidatura ao bloco..Destacaram-se dois casos: em maio, o presidente do Supremo Tribunal foi preso por corrupção e, em janeiro, um escândalo de irregularidades no aprovisionamento do Exército provocou várias demissões em ministérios, administrações regionais e nos departamentos judiciários.