William e Kate em Paris sem homenagem a Diana 20 anos após a sua morte

Jantar na embaixada, encontro com líderes franceses e jogo de râguebi com Hollande na agenda oficial dos duques de Cambridge
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Quase 20 anos após a morte da princesa Diana em Paris, o filho mais velho, William, começa hoje a primeira visita oficial à capital francesa. Acompanhado da mulher, Kate, o duque de Cambridge vai participar num jantar formal na Embaixada britânica, encontrar-se com jovens líderes de várias áreas da sociedade e assistir ao jogo de râguebi entre o País de Gales e a França, ao lado do presidente François Hollande. A viagem de dois dias foi organizada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, sendo vista como uma tentativa de incentivar as relações bilaterais na véspera do início do processo do brexit. E na agenda não há qualquer momento de homenagem à princesa do povo.

William tinha 15 anos quando Diana morreu a 31 de agosto de 1997, aos 36 anos, após um acidente de carro no túnel da Ponte d"Alma, com o namorado, Dodi al-Fayed, e o motorista. Tinham jantado no Hotel Ritz (que pertence à família Al-Fayed) e tentavam fugir aos paparazzi que os perseguiam, tendo alegadamente recebido informações de que Dodi ia pedir Diana, que se separara de Carlos em 1992 e divorciara em 1996, em casamento. Desde o acidente, William já esteve em Paris em várias ocasiões privadas, mas esta é a primeira visita oficial. Os duques de Cambridge viajam sozinhos, sem a companhia dos dois filhos, George (de 3 anos) e Charlotte (quase com 2 anos).

Para assinalar os 20 anos da morte da mãe, William e o irmão mais novo, Harry, anunciaram a construção de uma estátua em sua homenagem, nos jardins do Palácio de Kensington, onde ela viveu. "Já passaram 20 anos desde a morte da nossa mãe e é tempo de reconhecer o impacto positivo que ela teve no Reino Unido e em todo o mundo com uma estátua permanente", indicaram num comunicado no início do ano. "A nossa mãe tocou tantas vidas. Esperamos que a estátua ajude todos os que visitam o Palácio de Kensington a refletir sobre a sua vida e legado", acrescentaram. Os irmãos criaram um comité para angariar fundos para a sua construção.

Em Paris, existe um monumento informal à princesa Diana, junto à Chama da Liberdade. A réplica da tocha da Estátua da Liberdade foi oferecida pelos EUA a França em 1989, para agradecer o trabalho de reparação feito no centenário da inauguração da estátua em Nova Iorque (que tinha sido uma oferta francesa). O monumento encontra-se precisamente à entrada da Ponte d"Alma e ainda são deixadas lá regularmente mensagens em homenagem a Diana, que ficou conhecida como princesa do povo depois da sua morte (o epíteto é da autoria do então primeiro-ministro britânico Tony Blair).

Fomentar relações no pré-brexit

Esta visita dos duques de Cambridge ocorre a poucos dias de a primeira-ministra britânica, Theresa May, acionar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, dando início ao prazo de dois anos para negociar a saída do Reino Unido da União Europeia. Ontem, a rainha Isabel II promulgou a lei que autoriza o governo britânico a dar o próximo passo. "Nós temos uma relação muito forte com a França e com o povo francês e esta visita serve para celebrar essas ligações", indicou uma fonte ao jornal Daily Express, depois do anúncio oficial da viagem, no mês passado.

Os duques de Cambridge foram inicialmente convidados a viajar até Paris pela União de Râguebi do País de Gales, tendo William assumido recentemente a função de patrono em substituição da avó, a rainha Isabel II. O País de Gales vai jogar no domingo à tarde contra a equipa da casa no Stade de France, no jogo final do Torneio das Seis Nações. Mas ao saber do compromisso, o Ministério dos Negócios Estrangeiros pediu para transformar a viagem numa visita oficial.

William e Kate chegam depois do almoço à Gare du Nord, viajando de comboio desde Londres. Às 16.30 são recebidos por Hollande no Palácio do Eliseu, seguindo depois para uma receção na residência do embaixador, lorde Edward Llewellyn, onde será lançado o projeto Os Vizinhos, que celebra os laços franco-britânicos. É aí que encontram jovens líderes do mundo da moda, da economia e humanitário. Depois será o jantar formal. No sábado de manhã, o casal vai até aos Invalides para encontrar veteranos da Segunda Guerra Mundial que ainda aí vivem, assim como soldados feridos e vítimas dos atentados de Paris e Nice (há quatro pessoas ainda internadas). À tarde assistem então ao jogo de râguebi, junto com Hollande.

A viagem do segundo na linha de sucessão ao trono britânico (depois do pai, o príncipe Carlos), assim como a próxima prevista para a Alemanha e a Polónia em julho, é mais um sinal de que os herdeiros estão a assumir mais compromissos oficiais em nome da rainha, que fará 91 anos a 10 de junho. William anunciou no início do ano que ia deixar de trabalhar como piloto de helicópteros de socorro para se focar mais nestes compromissos.

Contudo, o duque de Cambridge tem sido criticado pelos tabloides britânicos por não dedicar tanto tempo como o irmão ou a própria rainha aos assuntos oficiais. "William só teve 13 dias de compromissos oficiais este ano", lia-se esta semana nos jornais, depois de o príncipe ter sido fotografado a dançar e a beber shots num hotel na estância de esqui suíça de Verbier, onde passou uns dias com amigos. Já Harry esteve 17 dias de compromissos oficiais, enquanto a rainha teve 24 (apesar dos problemas de saúde que teve no final do ano).

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