"Wehelpukraine.org". Professor português montou plataforma de ajuda aos ucranianos
Um quarto ou um emprego. Se quer ajudar os desalojados e refugiados da Ucrânia e não sabe como, a plataforma www.wehelpukraine.org explica o que pode fazer, como fazer e que ajuda é mais urgente.
Em 24 horas, Hugo de Sousa mobilizou mais de 100 pessoas na criação da plataforma online de ajuda que une a oferta à procura. "Não tenho qualquer ligação afetiva com a Ucrânia. Estava a almoçar e a ver pessoas a morrer pela televisão e não me senti bem. Pensei 'tenho conhecimentos em inovação e tecnologia, uma rede de contactos interessante, vou unir esforços para salvar nem que seja uma vida'. E isto ganhou asas", contou ao DN o professor de Inovação em Londres e responsável da consultora Innovation by Kaizen (que ajudou a fazer o plano de vacinação em Portugal).
O coordenador do movimento sabe que existem instituições de apoio a refugiados, mas o portal terá outras áreas de ação. Funcionará como um Airbnb para encontrar e disponibilizar um alojamento, medicamentos e até ofertas de emprego ou dinheiro: "Uma pessoa que chega a Portugal, precisa de casa, de um número de contribuinte, um emprego, um telemóvel, dinheiro para os primeiros dias, alguém que o ajude com a língua..."
Para ser o mais eficaz possível há um call center onde voluntários, que falam português, inglês e ucraniano, encaminham os pedidos de ajuda para as instituições, entidades ou pessoas que os possam ajudar. A Ordem dos Psicólogos e a Ordem dos Advogados já se associaram e há plataformas internacionais que querem interligar-se com esta plataforma portuguesa, que este domingo foi visitada pelo secretário de Estado da Transição Digital André de Aragão Azevedo.
Hugo olha para o site como as "nações unidas digitais", tal a diversidade e nacionalidades dos profissionais envolvidos. Para o coordenador do movimento, a plataforma é "uma resposta do mundo livre às atrocidades de uma guerra sem sentido nem razão e também uma afirmação civilizacional". E para chegar a quem mais precisa de ajuda vão acionar técnicas do marketing digital, com pessoas a descobrir pedidos de ajuda nas redes sociais por exemplo.
Segundo as Nações Unidas, há nesta altura cerca de 368 mil refugiados ucranianos a precisar de ajuda, mas o número pode chegar aos sete milhões.
Ainda este domingo, a Associação dos Ucranianos em Portugal anunciou a criação de uma plataforma entre várias associações para coordenar a ajuda disponibilizada e satisfazer os pedidos de apoio, no âmbito da invasão da Ucrânia pela Rússia, efetivada na madrugada de quinta-feira. Num discurso durante uma manifestação na Praça do Comércio, em Lisboa, o presidente da associação, Pavlo Sadokha, fez este anúncio e apelou às muitas associações e grupos da sociedade civil para que se juntem a esta plataforma.
O objetivo é estruturar "o melhor possível" toda a ajuda aos ucranianos que queiram vir para Portugal, desde tratar do transporte, até alojamento e a sua integração no país.
A forma como vai funcionar a plataforma Ucrânia-Portugal será divulgada nos próximos dias no site e nas redes sociais da Associação: "Vamos começar a salvar vidas."
Também a empresa WinDoor Porto e todos os seus colaboradores decidiram enviar um camião com todo o tipo de donativos, com o material médico no topo das prioridades. A prioridade são os Kit primeiro socorros (ligaduras, pensos rápidos, betadin, algodão, paracetamol, ibuprofen, antigripe, tesouras, luvas esterilizavas, água oxigenada, biafine), comida para crianças e recém nascidos, fraldas e toalhitas, mantas e sacos cama. Os donativos podem ser entregues nas lojas das empresas no Porto, Torres Vedras, Batalha, Leiria e Évora.
Um movimento também apadrinhado pela ComRaça- Equipa de Resgate Animal, sensibilizada por ver que os ucranianos recusam abandonar os seus animais de estimação e que vai promover a recolha de ração animal. O IRA já anunciou um donativo de 3 mil toneladas de ração.