Votorantim e Camarga podem reverter compra da Cimpor

A Votorantim e a Camargo Corrêa assinam a 3 de Março um acordo com as autoridades brasileiras de defesa da Concorrência, que prevê a reversibilidade da aquisição das participações na Cimpor, disse hoje à Lusa uma fonte ligada ao processo.
Publicado a
Atualizado a

A assinatura do Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação, proposto pelo Conselho Administrativo de Defesa Económica (CADE) brasileiro, tem como objectivo evitar danos à concorrência no mercado de cimentos, mantendo separadas as operações no Brasil até que o organismo examine o mérito das aquisições da Votorantim e Camargo Corrêa na Cimpor, ainda sem data definida.

A assinatura do acordo decorre dias depois de a CSN, que falhou na tentativa de adquirir a cimenteira portuguesa, apresentar uma medida cautelar ao CADE solicitando a suspensão imediata dos efeitos dessas aquisições no Brasil, para preservar a livre concorrência.

A CSN alega que o objectivo da Votorantim e da Camargo Corrêa, ao adquirir essas posições na Cimpor, foi impedi-la de ingressar no mercado de cimento.

A Votorantim e a Camargo Corrêa adquiriram, respectivamente, 21,2% e 31,1% da Cimpor, em operações após o lançamento da Operação Pública de Aquisição (OPA) da CSN, em Dezembro de 2009, que falhou esta semana.

Actualmente, a Votorantim é líder com 40% do mercado brasileiro de cimento, enquanto a Cimpor ocupa a terceira posição em vendas e a quarta posição em termos de produção de cimento.

A Camargo Corrêa, que chegou a apresentar uma proposta de fusão com a Cimpor, detém as marcas Cauê, no Brasil, e Loma Negra, na Argentina, onde lidera o mercado local.

Na medida cautelar, a CSN alega ainda que a participação da Votorantim e da Camargo Corrêa na Cimpor vão aumentar a concentração do sector de cimentos no Brasil.

Em alguns estados brasileiros, como Rio Grande do Sul, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul, a Votorantim e Camargo Corrêa têm praticamente o monopólio do mercado.

"A operação gera impactos significativos em diversos mercados relevantes para a economia nacional", afirmou a CSN, ao defender a suspensão dos efeitos no Brasil da aquisição da Cimpor.

A CSN salienta ainda que a Votorantim celebrou um acordo de accionistas com a CGD, que detém 9,6 por cento na Cimpor, o que garante ao grupo brasileiro participação semelhante à posição da Camargo Corrêa na cimenteira portuguesa.

A Votorantim adquiriu 17,28 por cento da actual posição accionista na Cimpor da francesa Lafarge, oferecendo como pagamento activos no Brasil.

De posse desses activos, a Lafarge torna-se uma das três maiores fabricantes de cimento no Brasil, com sete milhões de toneladas de capacidade de produção, segundo um comunicado da fabricante francesa.

A Lafarge, que já actua no Brasil com quatro fábricas, salientou que reforçará seu posicionamento num mercado em ascensão com a realização de obras de infra-estruturas para o Mundial 2014 de futebol e para os Jogos Olímpicos de 2016.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt