"Voltaria a fazê-lo". Ana Gomes partilha mensagem manuscrita de Rui Pinto
O objetivo, explica Ana Gomes no Twitter, era ler a mensagem do hacker português durante a conferência europeia sobre corrupção no desporto, e que deveria ter acontecido em Florença. Devido ao surto de Covid-19, o encontro acabou por não acontecer e a antiga eurodeputada decidiu partilhar a mensagem na rede social.
No bilhete, manuscrito, Rui Pinto aborda as revelações feitas pelo Luanda Leaks - de que terá sido o autor da fuga de informação - e garante que "voltaria a fazê-lo", "mesmo sabendo de antemão da primitiva perseguição de que os denunciantes são alvo em Portugal".
"Hoje eu deveria estar em Florença [...] a participar [na] "High-Level Policy Dialogue on Corruption in Sports Governance" organizada por @MaduroPoiares. Pedi a Rui Pinto que escrevesse a mensagem para ali ler em seu nome. Covid19 adiou conferência. Aqui fica [a] mensagem", tuitou Ana Gomes.
No bilhete, Rui Pinto escreve que "O Luanda Leaks é o exemplo mais recente de que os denunciantes e o jornalismo de investigação são essenciais para a nossa democracia. Durante anos, e apesar dos constantes alertas de que Portugal se tornara uma plataforma de lavagem de dinheiro da cleptocracia angolana, as autoridades judiciárias e de regulação nada fizeram. Como cidadão fiz simplesmente o meu dever ao ajudar a expor este e outros crimes, e mesmo sabendo de antemão da primitiva perseguição de que os denunciantes são alvo em Portugal, voltaria a fazê-lo", escreveu Rui Pinto.
Depois de ter sido preso na Hungria e extraditado para Portugal, ao abrigo de um mandato internacional, Rui Pinto está preso desde março de 2019, tendo revelado recentemente que entregou um disco rígido à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África, que permitiu a recente revelação dos Luanda Leaks, um caso de corrupção relacionado com a empresária angolana Isabel dos Santos.
Aos 30 anos, Rui Pinto vai ser julgado por 68 crimes de acesso indevido, por 14 crimes de violação de correspondência, por seis crimes de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada, este último um crime pelo qual o advogado Aníbal Pinto também foi pronunciado.