Vicente de Mateos vence segunda etapa e Rafael Reis conserva amarela
O espanhol Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano) manteve esta sexta-feira a tradição de vencer uma etapa na Volta a Portugal em bicicleta, ao triunfar na segunda tirada, mais uma vez corrida sob intenso calor. Na classificação geral, Rafael Reis manteve a liderança conquistada no prólogo da prova, com os mesmos dois segundos para César Martingil (Liberty Seguros-Carglass), segundo classificado, resultados apenas confirmados depois de os comissários da prova terem analisado a queda e determinado a sua influência nos cortes que se verificaram.
A mais longa ligação da 80.ª edição ligou Beja a Portalegre, com os ciclistas a percorrerem 203,6 quilómetros sob temperaturas sempre superiores a 40 graus, o que voltou a fazer com que a corrida fosse disputada em baixa velocidade, com uma média de 35,162 km/hora.
A Aviludo-Louletano preparou bem a corrida, acelerou na zona mais complicada da chegada a Portalegre - últimos dois quilómetros, e levou García De Mateos à quarta vitória em etapas em outras tantas edições, com um tempo de 5:47.25 horas.
"É o quarto ano consecutivo a vencer na Volta a Portugal, algo que quando cheguei parecia impossível, mas que já começa a ser um clássico em Portugal", disse o terceiro classificado da última Volta.
A estratégia do conjunto algarvio foi tão bem conseguida, que o português Luís Mendonça foi segundo, com o mesmo tempo do companheiro e subiu à liderança por pontos. O norueguês Trond Trondsen foi terceiro.
"A equipa trabalha para os dois. Era a tática da equipa chegar com os dois à frente aqui e tentar lutar pela vitória com os dois. Saiu primeiro e segundo e foi o melhor que podia ter acontecido", referiu.
Ao cortar a meta, Vicente García de Mateos, que esteve suspenso preventivamente por irregularidades no passaporte biológico, levou o dedo indicador à boca e pareceu mandar calar alguém, mas no final disse que já estava "tudo falado" e que queria falar da corrida.
A chegada a Portalegre não foi pacífica, com uma queda à entrada para a reta da meta a vitimar vários ciclistas e a originar duvidas no colégio de comissários, que demoraram cerca de 45 minutos a decidir se teria havido um corte no pelotão antes do incidente.
Após avaliarem as imagens televisivas, os comissários acabaram por dar o mesmo tempo a todos os elementos do pelotão, com o português Rafael Reis (Caja Rural) a manter os dois segundos de vantagem sobre César Martingil (Liberty Seguros-Carglass) e três sobre Daniel Mestre (Efapel).
A fuga do dia foi lançada à partida para o primeiro quilómetro, com o malaio Muhammad Azman (Sapura), o italiano Andrea Ruscetta (Mstina Focus), o português David Ribeiro (LA Alumínios) e o espanhol Samuel Blanco (Liberty Seguros-Carglass) a fazerem cerca de 180 quilómetros na frente da corrida, até serem apanhados à entrada dos últimos 18.
O ciclista da W52-FC Porto, Gustavo Veloso, fez duras críticas à organização da Volta a Portugal. O atleta considera que a etapa desta sexta-feira devia ter sido anulada devido ao intenso calor sentido na ligação entre Beja e Portalegre. "Para proteger a saúde dos ciclistas, a etapa de hoje tinha de ser anulada. Sair para fazer 100 quilómetros ou 200 é a mesma coisa. A temperatura está igual do início até ao fim", referiu Veloso, no final dos 203,6 quilómetros da tirada.
No sábado, o calor deve diminuir, mas as dificuldades estarão no percurso de 177,8 quilómetros, entre Sertã e Oliveira do Hospital, com cinco contagens de montanha, a última de terceira categoria, a pouco mais de quatro quilómetros da meta.