Visitantes da casa de Saramago chegaram antes de tempo
Ramón e Charro sabiam que a Casa de Saramago ainda não estava aberta ao público - só na segunda às 10:00 haverá visitas guiadas - mas ainda assim não podiam regressar a Valência sem ver os lugares do escritor. Ramón Gracia Edo, reformado, e Rosario (Charro) Castillo Cebrián vieram até à aldeia de Tías e bateram à porta. Recebeu-os Enrique Berzosa, o responsável da Casa e da Biblioteca, que devia estar hoje a descansar mas, como toda a gente que aqui trabalha, estava a "fazer o que for preciso". Neste caso, limpava vidros.
Enrique limpou as mãos, veio mostrar a Biblioteca aos dois valencianos, e Ramón e Charro contaram que tinha sido a filha, que trabalha na sede da União Europeia em Bruxelas, quem tinha insistido para que viessem. A equipa da Lusa estava então a trabalhar na biblioteca de Saramago, onde ele escreveu "A Viagem do Elefante" e "Caim", e envolveu-se na conversa de Enrique com os valencianos, que conheciam a obra, as entrevistas, a participação cívica de Saramago.
Apareceram depois dois casais de Navarra, também eles com viagem de regresso a casa marcada para segunda-feira. Procuraram na loja da Biblioteca livros de Saramago em basco, e como não havia à venda levaram as referências dos exemplares da biblioteca para poderem comprá-los depois. Enrique Berzosa está agora a viver em Lanzarote, mas até à semana passada vivia em Madrid, onde era guia turístico, com muitas visitas a Portugal no currículo.
Pilar soube que Enrique queria reformar-se e perguntou-lhe se queria ocupar-se da Casa: "Vens para Lanzarote, proponho-te muito trabalho e pouco dinheiro". E agora parece que ele sempre conheceu todos estes lugares e objectos. Porque não está a descansar no dia de folga? "Também não sei bem, mas aqui estou".