Venezuela: PCP cola Governo português à extrema-direita

Parlamento reconhece Juan Guaidó como "presidente interino" venezuelano, com a "missão" de preparar eleições livres. Comunistas acusam executivo socialista de "apoiar abertamente a operação golpista" contra regime de Caracas.
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O PCP acusou o Governo socialista de estar alinhado "com os setores mais reacionários", tornando-se "corresponsável pela escalada de agressão levada a cabo pela Administração Trump e apoiada pela extrema-direita latino-americana e pela UE [União Europeia]".

Num voto rejeitado esta sexta-feira pela maioria de deputados no Parlamento, o PCP insistiu em criticar o executivo do PS em "apoiar abertamente a operação golpista contra a Venezuela ao arrepio dos interesses do país e do povo português", que trará "graves e perigosas consequências para o povo da Venezuela e para a comunidade portuguesa ali residente".

Segundo a bancada comunista, "o reconhecimento pelo Governo PS de um autoproclamado "presidente interino" da Venezuela constitui um grave precedente nas relações internacionais do Estado Português, uma clara violação da Constituição Portuguesa e uma afronta à soberania e independência da República Bolivariana da Venezuela, ao povo venezuelano, à Carta das Nações Unidas e ao Direito Internacional".

Uma semana depois de as barricadas se terem extremado no Parlamento português, quando da votação de outros três votos, a Assembleia da República voltou a dividir-se, agora na votação de outros três votos (o PSD, que se tinha juntado ao CDS, hoje aliou-se ao PS) sobre a situação naquele país sul-americano.

PS, PSD e CDS alinharam no reconhecimento do "presidente interino", Juan Guaidó, mas socialistas e sociais-democratas juntaram-se para enquadrar esse reconhecimento na "missão" de Guaidó em "convocar e organizar eleições presidenciais livres, inclusivas e conformes às práticas democráticas internacionalmente aceites, nos termos previstos pela Constituição da Venezuela".

No texto conjunto de PS e PSD defendeu-se "a importância do respeito pela via democrática, através da auscultação da superior vontade do povo venezuelano em eleições livres, devidamente acompanhadas pela comunidade internacional, como forma de superar a gravíssima crise política que vive a Venezuela".

os centristas saudaram "o reconhecimento internacional de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela, juntando a sua voz a todos os que o fizeram anteriormente, reconhecendo assim o seu papel decisivo para a transição democrática naquele país". Antes, na exposição de motivos do seu voto, o CDS afirmava que "é relevante o progressivo e cada vez mais amplo reconhecimento de Juan Guaidó como Presidente interino, com vista a assegurar a transição democrática e a realização de eleições livres".

Apesar da nuance que motivou a apresentação de dois textos, os mesmos acabaram por ser aprovados por PSD, PS, CDS e PAN. À esquerda, BE, PCP e PEV votaram contra as propostas de sociais-democratas e socialistas e centristas. O sentido de voto foi o contrário em relação ao texto comunista: PSD, PS, CDS e PAN votaram contra; PCP e PEV a favor. O BE absteve-se.

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