Vendiam por 7 euros um violino que vale 40 mil

Roubado ao proprietário, o músico Dani Cubero, o violino foi encontrado graças a uma série de coincidências
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Dani Cubero, primeiro violinista do Qvixote Quarte e professor de música de câmara do Conservatori del Liceu, em Barcelona, tinha ficado sem o seu violino há oito meses, após um assalto numa avenida da capital catalã. Reencontrou-o no início de junho.

Não era um violino qualquer, mas um exemplar de 1740, saído ateliê do violeiro austríaco Johannes Eberle, aluno de Thomas Edlinger. Como contou ao La Vanguardia, custou-lhe "todas as poupanças". Isto é, 35 mil euros, depois de uma longa busca à procura do modelo certo. "Passei dois anos à procura e a experimentar instrumentos, viajando por toda a Europa. Não é fácil encontrar o que se adapta às tuas necessidades. Há muitos tipos distintos e há que encontrar o adequado", afirmou ao jornal, deixando clara a importância do instrumento.

Um soco e um roubo

No dia 6 de novembro de 2017, o músico foi assaltado na Avenida Parallel, à tarde, quando saía do trabalho e falava ao telemóvel, descreveu ao mesmo La Vanguardia, dias após o assalto, lançando um apelo para que o ajudassem a encontrar esta raridade. Perto do teatro El Molino, alguém lhe deu um soco que deixou a sobrancelha a sangrar. Quando se recompôs, do ladrão nem rasto e do violino tão-pouco. Restou-lhe a confiança de que recuperaria o instrumento.

"São peças únicas", justificou. Mais tarde ou mais cedo são postas à venda, num mercado em que toda a gente se conhece, confiou, e com razão. Quando isso aconteceu, a surpresa maior foi ver que um instrumento que lhe tinha custado 35 mil euros e que os Mossos d'Esquadra avaliavam em 40 mil estava à venda numa loja em segunda mão por 7 euros.

Uma sucessão de acasos

Como o encontrou? Num desses acasos em que um amigo tem um amigo que tem um amigo. Assim: "Um colega de profissão que tinha perdido dois clarinetes começou a gostar de andar em lojas de segunda mão à procura deles". Foi numa delas que lhe mostraram o violino do século XVIII que achou que estava à venda por um preço demasiado baixo. Exatos 7 euros. A pechincha chamou-lhe a atenção e partilhou a descoberta com um amigo violinista que juntou 2+2. Podia ser o violino roubado a Dani Escudero. Nem sequer se conhecem, apenas têm amigos em comum, mas pediu o número de telefone do músico catalão, ligou e mandou fotos.

Dani diz que ficou "muito nervoso" quando viu a imagem. Era o seu violino. Contactou os Mossos d'Esquadra e combinaram que iriam à loja juntos, cerca das 17.00 desse dia no início de junho. Os polícias não apareceram, mas telefonaram. "Achamos que temos o seu violino na esquadra."

O proprietário da loja de segunda mão tinha feito as suas próprias investigações inquieto com as perguntas do clarinetista na loja. Pesquisou na Internet e encontrou a primeira das notícias do La Vanguardia sobre o caso - aquela que dava conta do roubo. Não lhe restaram dúvidas de que estava a vender o instrumento que tinha sido furtado. Foi, com a mulher, à esquadra e forneceu dados sobre o homem que o tinha vendido, ​​​​​​​e que foi detido no dia 10 de julho por apropriação indevida, mas não por roubo. Não é possível provar que seja a mesma pessoa que atacou Dani Cubero e que lhe levou o instrumento.

Violino e arco encontram-se em perfeitas condições, assegura Dani Cubero. O músico já voltou aos palcos com o instrumento da sua predileção. "Foi uma alegria tremenda. Os primeiros dias, sobretudo, foi um prazer imenso. Quando melhor do que a primeira vez".

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