Vaticano admite pedir ao Irão para salvar vida de Sakineh
O Papa acompanha com "atenção e interesse" o caso de Sakineh Ashtiani, a iraniana de 43 anos condenada à morte por adultério e alegado envolvimento na morte do marido. A revelação foi ontem feita pelo porta-voz de Bento XVI, Federico Lombardi, na primeira intervenção pública sobre este caso, que tem vindo a mobilizar milhares de pessoas em todo o mundo em defesa de Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento. Embora a aplicação da sentença tenha sido suspensa em Julho, devido à indignação suscitada na comunidade internacional, as autoridades judiciais de Teerão poderão revogar esta decisão a qualquer momento.
O porta-voz do Vaticano considerou a execução por apedrejamento uma forma "brutal" de pena de morte, admitindo que os canais diplomáticos da Igreja poderão mobilizar-se para procurar demover a justiça iraniana.
Na mesma linha, pronunciou-se ontem o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Franco Frattini, que propôs um encontro com o homólogo iraniano na próxima assembleia geral das Nações Unidas, a decorrer em Nova Iorque. O titular da diplomacia italiana dirigiu um apelo público a Teerão para poupar a vida à iraniana.
O filho de Sakineh, Sajjad, revelou entretanto que a mãe recebeu uma condenação suplementar, alegadamente por ter surgido sem véu numa fotografia publicada na edição de 28 de Agosto do jornal britânico The Times. Na passada sexta-feira, este diário esclareceu que a mulher na fotografia não era Sakineh mas uma activista política iraniana chamada Susan Hejrat e residente na Suécia. A rectificação, que surgiu acompanhada de um pedido de desculpas, não demoveu os juízes iranianos. Segundo Sajjad, a mãe vai receber 99 chicotadas por ter "espalhado a corrupção e a imoralidade".