Vargas Llosa: Guterres "é uma excelente eleição" para a ONU
Numa conversa com os jornalistas antes do início dos trabalhos da conferência "Que Democracia", da Fundação Francisco Manuel dos Santos, o escritor desejou os "maiores êxitos" a António Guterres no cargo de secretário-geral das Nações Unidas. Questionado pelo DN sobre esta escolha, Mario Vargas Llosa destacou as "magníficas credenciais" e "o muito bom trabalho" que Guterres protagonizou na liderança do Alto Comissariado para os Refugiados. "Foi uma excelente eleição", sublinhou.
Sobre a realidade política portuguesa, preferiu não fazer grandes comentários porque "não conhece a fundo" mas, quando questionado sobre a aliança do PS com partidos da extrema-esquerda, disse que "não é assim tão estranho". "Às vezes a água mistura-se com o azeite e funciona".
Sobre a crise política em Espanha, manifestou-se esperançado que "com a nova liderança do PSOE" esteja "mais próxima a possibilidade de um governo" com o PP, de Mariano Rajoy.
No dia em que foi conhecido o novo prémio Nobel da Paz, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, Llosa destacou que, apesar do acordo de paz com as FARC ter sido rejeitado em referendo, esta distinção serve para "premiar o esforço de Santos". Vargas Llosa acredita que "ainda há esperança de se chegar à paz na Colômbia.
Levantando um pouco a ponta do véu sobre o tema da sua palestra que encerrará a conferência, o escritor destacou aquilo que pensa ser "um dos problemas sérios que enfrentam as democracias: a distância muito grande entre as novas tecnologias e as sociedades modernizadas e os partidos políticos, que não souberam acompanhar essa evolução e por isso perderam a representatividade". Os jovens, salientou, "estão cada vez mais a afastar-se da política e não sabem o grande que é o privilégio das democracias".