Vargas Llosa considera que dar o Nobel a Bob Dylan foi "um equívoco"

Talvez no próximo ano a Academia Sueca dê o prémio a um futebolista, disse o escritor, que recebeu o Nobel em 2010.
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A cultura "tende a converter-se em espetáculo" e aquilo que se apresenta como uma democratização cultural não é mais do que "banalização do frívolo". Estas foram as palavras do escritor peruano Mario Vargas Llosa, que ganhou o Nobel da Literatura em 2010, quando, ontem, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Burgos, em Espanha. E considerou que um dos exemplos mais recentes do domínio da cultura do espetáculo é o facto de a Academia Sueca ter atribuído o prémio Nobel da literatura ao músico Bob Dylan.

Vargas Llosa deixou claro que gosta de Dylan como cantor mas, na sua opinião, este prémio foi um equívoco. E perguntou se, para promover ainda mais o Nobel, no próximo ano o vão dar a um futebolista. Na sua opinião, o prémio deveria distinguir uma grande obra que tenha marcado um tempo, ou a obra de um autor até aí pouco conhecido mas que mereça esse reconhecimento, "e não o espetáculo de um grande cantor".

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Na conferência de imprensa que deu na ocasião, o escritor reconheceu que "há um público que exige" esta cultura do espetáculo e que, graças às novas tecnologias e redes sociais, "é impensável a censura". Porém, esta cultura tem aspetos "preocupantes" e "aterradores", como o facto de a mentira poder espalhar-se com facilidade. Cabe, por isso, às elites culturais ("que não resultam do privilégio mas do esforço e do talento") contrariar esta tendência. E não estimulá-la, como fez a Academia Sueca.

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