"Vamos passar o país a limpo e ver o que fazer"

Entrevista a José Serra, senador do Partido da Social Democracia Brasileira, ex-ministro, ex-governador de São Paulo e adversário derrotado por Dilma Rousseff nas presidenciais de 2010
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Disse que já sabia que o mandato de Dilma Rousseff não chegaria ao fim. Quando é que isso se tornou claro?

Nas manifestações de rua de 2013, que não eram politizadas, eram de insatisfação com os serviços públicos, com a representatividade dos políticos. Por outro lado o declínio da economia e da capacidade do governo de se antecipar aos acontecimentos. Tudo isso formava um caldo de cultura desestabilizador da política nacional. Então me parecia muito difícil que, se fosse eleita, Dilma conseguisse terminar o mandato. Isso, de facto, foi acontecendo.

Acha que este processo de impeachment não tem volta a dar?

Tenho a impressão que o resultado vai ser da aprovação do impeachment da presidente Dilma. Não tenho a certeza absoluta, o futuro só a Deus pertence, mas tenho a impressão que se vai concretizar.

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Mas temos visto a sociedade brasileira muito polarizada....

As últimas sondagens dizem que 70% da população acha que o governo da presidente Dilma é ruim ou péssimo. São índices que eu não me lembro de ter visto noutro momento. Acho então que não há uma divisão. Uma grande maioria está insatisfeita. Vamos passar o país a limpo e ver o que fazer.

E o que se segue?

Um momento para pensar no futuro, seja na política seja no sistema político, seja na economia, seja na maneira de relacionamento entre os poderes. Acho que muita coisa vai ter que mudar e no calor da crise isso é facilitado. Não a mudança em si, mas o começo da discussão sobre o que temos que fazer. Precisamos debater o que é preciso fazer em cada uma das áreas, para fazer face à crise política, à crise económica, e à própria relação entre os poderes.

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