Vacas vão ajudar a procurar touros à solta em Viana
"Não sei o que vou fazer mais. Tenho medo é que aconteça alguma coisa, até os apanhar", começa por desabafar aquele criador, de 66 anos, de Viana do Castelo.
É que apesar das operações de busca no terreno, que envolvem militares da GNR e até outros criadores, os animais teimam em escapar e a burocracia também não ajuda. "Os touros foram vistos cerca das 15:00 [quarta-feira], mas como tudo tem ser feito à frente das autoridades, da veterinária, que não estava cá, deu tempo para fugirem outra vez. É a burocracia", apontou Manuel Farinhoto.
Apesar da necessidade de abater os dois touros, essa operação, a assegurar pelos militares da GNR, terá de ser presenciada pela veterinária municipal, para garantir que a carne - que pode chegar a 300 quilos por animal, depois de limpo - está em condições de ser comercializada. "Estamos a tentar arranjar meios legais para caçar os animais. Na quinta-feira vamos trazer umas vacas e umas cordas para os amarramos, se os encontrarmos. Se for necessário, serão abatidos", explicou Manuel Ferreira, empregado do talho que comprou os touros ao criador e que agora ajuda nas buscas.
"Um destes é muito agressivo. Se entram na estrada estão sujeitos a matar uma pessoa, porque estão stressados", contou ainda, assumindo não recordar um caso destes em 30 anos de atividade. "Os animais assustam-se e fogem para o monte, não sabemos por onde andam. O problema é se se sentirem encurralados", advertiu. A fuga dos dois touros aconteceu cerca das 18:00 de segunda-feira, dia que Manuel Farinhoto pensava ser o último de 50 anos de criador de touros da raça "galega".
Dos últimos seis que tinha na sua quinta em Perre, Viana do Castelo, três partiram para o matadouro uma semana antes, com destino a um talho de Ponte de Lima, e os restantes iniciavam a mesma viagem. Com cerca de dois anos, pesam perto de 500 quilos e cada um vale, em carne, mais de 1.200 euros.
Contudo, quando os carregava para o carro de transporte do talhante Manuel Ferreira, o terceiro, "que é o mais bravo", teimou em não sair. "Ainda atamos uma acorda, mas ele arrebentou-a, marrou na grade e fugiu. O outro, que já estava dentro do carro, aproveitou a boleia e fugiu também", recorda, por seu turno, Manuel Farinhoto, que entretanto já entregou para abate o terceiro touro, que acabou por ficar na quinta. "Mas tenho medo que isto ainda dê um rico sarilho", admitiu, depois de um terceiro dia para recuperar os animais que terminou sem sucesso.