Ursos polares que invadiram ilhas russas: solução pode ser o abate

Mais de 50 ursos polares invadiram as ilhas de Novaya Zemlya à procura de comida. Os habitantes estão com medo e a solução poderá passar pelo abate dos animais.
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Medo de sair à rua. Medo de ser atacado. Receio de deixar os filhos ir à escola. Este é o ambiente que se vive na região de Novaya Zemlya, na Rússia. A região declarou estado de emergência depois de ter sido invadida por mais de 50 ursos polares. Nos últimos dois meses, a população tem sido assolada por ataques e invasões às suas casas, afirma Aleksander Minaev, vice-chefe da região de Novaya Zemlya.

Depois de todas as tentativas de afastar os animais terem falhado, as autoridades afirmam que pode vir a ser necessário ir contra a legislação russa e abater os animais, mesmo que os ursos polares sejam uma espécie ameaçada. Uma equipa de especialistas foi enviada para a comunidade para proteger os moradores, tentando assim evitar o abate. No entanto, segundo a agência de comunicação russa TASS, "caso essas medidas não funcionem, o abate será a única opção". Existem 22.000 a 31.000 ursos polares em todo o mundo, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.

Os habitantes da vila vivem com medo, apesar de as autoridades terem tomado já algumas medidas. "As rotinas diárias estão a ser comprometidas" explica Minaev. Fotos e vídeos partilhados pelos cidadãos mostram os animais a entrar em espaços fechados e a procurar alimento.

Esta invasão por parte dos ursos polares está ligada às alterações climáticas. Com o gelo do Ártico a derreter, os animais são obrigados a invadir a terra para procurar alimento e estão a passar por um período de carência alimentar, de acordo com um estudo realizado no ano passado e partilhado na revista Science. A região do Ártico está a aquecer duas vezes mais rápido que o resto do planeta, segundo vários estudos científicos. Os cientistas também apontaram as alterações climáticas, como a razão para o comportamento agressivo de um grupo de ursos polares que cercou uma estação meteorológica no Ártico em 2016, ameaçando uma equipa de investigação russa, segundo o The Washington Post.

A vila, que abriga cerca de 560 pessoas, nunca viveu uma situação igual. "Estou em Novaya Zemlya desde 1983 e nunca houve tantos ursos polares nas redondezas", disse Zhigansha Musin, chefe administrativo local. Até os ursos desaparecerem da região, o estado de emergência irá permanecer ativo. A decisão de abater os animais pode ser tomada a qualquer momento.

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