Venezuela. Confrontos na fronteira com o Brasil já mataram duas pessoas
Uma mulher morreu na madrugada desta sexta-feira na comunidade indígena de Kumarakapai, na fronteira entre a Venezuela e o Brasil, depois de um grupo de voluntários ter tentado impedir a passagem de veículos militares venezuelanos e os soldados terem respondido disparando as suas armas. Pelo menos 12 pessoas ficaram feridas e uma delas, um homem, acabou por morrer.
Os voluntários estavam a tentar manter a fronteira aberta, para permitir a entrada de ajuda humanitária. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou na quinta-feira o fecho da fronteira. Este sábado, em vários pontos da fronteira venezuelana, há operações para tentar entrar com medicamentos e alimentos, decretadas pelo presidente interino Juan Guaidó (reconhecido por 50 países, entre os quais EUA e Portugal).
A vitima mortal foi identificada pelo The Washington Post como sendo Zorayda Rodríguez, de 42 anos. Haverá ainda entre 12 e 15 feridos, todos homens, segundo a EFE. De acordo com a agência, a mulher é uma vendedora de empanadas e estava na zona quando começaram os confrontos. O resto dos feridos serão todos do sexo masculino. Entretanto, o Post e a EFE noticiaram a morte de um dos feridos, com o jornal norte-americano a identificar a vítima como sendo Rolando Garcia. No local dos disparos cerca de 30 pessoas saíram à rua e raptaram três soldados, segundo um porta-voz da comunidade indígena.
No Twitter, Juan Guaidó, que está a caminho da fronteira da Venezuela com a Colômbia, falou para os soldados. "Decidam de que lado estão nesta hora decisiva. A todos os militares: entre hoje e amanhã vão definir como querem ser lembrados. Sabemos que estão com o povo, já nos deixaram isso muito claro. Amanhã podem demonstrá-lo".
O administração Trump já reagiu ao incidente, através de um porta-voz do Departamento de Justiça: "Os EUA condenam os assassinatos, ataques, e as centenas de detenções arbitrárias que aconteceram na Venezuela. Estamos com as famílias das vítimas a pedir justiça e responsabilização".
Segundo escreveram os deputados Américo de Grazia e Ángel Medina na rede social Twitter, há três pessoas com ferimentos graves.
A agência noticiosa venezuelana Venepress relatou, entretanto, o registo de dois mortos, citando o testemunho de indígenas da etnia Pemon (denominados Taurepang no território brasileiro) que habitam na fronteira entre a Venezuela e o Brasil.
Entretanto, os dois concertos que estavam preparados para hoje, promovidos com objetivos bem distintos, vão mesmo acontecer, segundo a BBC. Na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia, os espetáculos estarão apenas separados por cerca de 300 metros. Do lado colombiano, o evento pretende angariar dinheiro para ajudar os venezuelanos. O Venezuela Live Aid é organizado pelo multimilionário britânico Richard Branson e contará com figuras políticas e celebridades.
Maduro, como resposta, afirmou ir organizar um festival de três dias no lado venezuelano, mas ainda não foi divulgada pelo governo a lista de artistas, com a BBC a referir que relatos não confirmados apontam para a presença de 150 artistas.