Uma marca que valoriza o produto nacional

Apresentou na Moda Lisboa uma colecção mais versátil mas com a atenção de sempre aos acabamentos e pormenores. Uma marca que tem sabido conquistar o seu lugar.
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Lisboa viu-o nascer mas é no Porto que trabalha e vive desde a década de 90, após ter terminado o curso de Design de Moda no Citex. É o designer de eleição da apresentadora da RTP Catarina Furtado e duas vezes por ano desfila na Moda Lisboa. Nuno Baltazar é um confesso apreciador e consumidor de produtos nacionais. "Desde o momento em que comecei a trabalhar como designer de moda que procuro, de uma forma regular, usar produtos e serviços portugueses, quer ao nível de materiais quer na colaboração com empresas têxteis com quem ainda hoje trabalho. Procuro ter esta mesma postura no meu dia-a-dia pessoal", explica Nuno Baltazar ao DN.

Entre 1997 e 2004 partilhou o projecto crítico com Paulo Cravo, com a marca Cravo/Baltazar, mas ao fim de seis anos a dupla decidiu seguir caminhos distintos. "Criativamente o processo de trabalho é diferente quando se trabalha em dupla. Actualmente, a minha marca reflecte só a minha identidade, o meu universo e talvez por isso esteja mais consistente. Também já realizei 26 desfiles e tenho quase 14 anos de profissão. É normal que exista uma evolução e um amadurecimento."

Como director criativo da Nuno Baltazar, tendo responsabilidade sobre 98% daquilo que desenha, o resultado final é fruto do trabalho de uma equipa. Recentemente, "após 11 anos" Baltazar encontrou um sócio que "entende o meu universo, que projecta a marca para o futuro e que faz com que o presente seja mais sólido e seguro".

Ao iniciar o processo de construção de uma colecção, Nuno Baltazar não se limita a escolher tecidos e a desenhar roupa, gosta que as empresas com as quais colabora lhe expliquem as qualidades de cada material, o que há de novo nas confecções. "Gosto que as empresas me ajudem a conhecer e a perceber o que há de novo no sector têxtil, me ajudem a perceber se o que idealizei resulta em certos materiais. Todas as decisões passam por processos de discussão, reuniões em que exponho o que idealizei e ouço as sugestões de cada colaborador. Tudo isto ajuda a valorizar a marca."

Sobre o facto de a moda portuguesa ter ainda pouca visibilidade, este criador tem uma opinião partilhada por muitos dos que estão envolvidos nesta área: "Há falta de coragem por parte dos industriais têxteis em lançar marcas portuguesas. Somos excelentes fabricantes - muitas das grandes marcas internacionais produzem em Portugal, como a Viktor & Rolf, Givenchy, Yves Saint Laurent, Paul Smith, Haider Ackermann e tantas outras. Temos a tecnologia, o rigor e a tradição, mas os industriais não estão suficientemente sensibilizados para a aposta no design português. Tivemos exemplos de parcerias que correram mal, minando o caminho dos designers da minha geração, mais conscientes da necessidade de transformar as suas marcas em fenómenos de venda. É urgente o regresso dessa consciência", alerta.

Nuno Baltazar tem loja na Avenida da Boavista, no Porto, onde vende duas linhas distintas: a de pronto-a-vestir e a de atelier, destinadas ao universo feminino. "Gosto de proporcionar elegância e requinte à minha cliente, sem deixar de lado a simplicidade, que valoriza a mulher cosmopolita e profissional. A escolha criteriosa dos materiais é também, como penso ser notório no meu processo criativo, um factor de relevo para enriquecer a peça final", acrescenta.

Uma das referências criativas nacionais, Baltazar mantém-se atento às necessidades do seu público-alvo. Gosta de observar a mulher comum, mas também busca referências nas tendências internacionais e nas pesquisas que faz. "Uma colecção pode surgir de um momento, no entanto, gosto de criar histórias que têm sequência entre si", afirma.

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