Uma marca para famílias modernas e cosmopolitas
Miguel Vieira é um designer conhecido não só em Portugal como além-fronteiras graças à sua linha de calçado e roupa de homem. "Gosto de potenciar a minha marca e de mostrar a versatilidade criativa que sempre tive. O facto de o investimento em projectos ou marcas nacionais ser escasso acaba por adiar muitos dos meus sonhos e projectos. Mas felizmente tenho a sorte de acabar por vê-los concretizados, independentemente dos anos que tenha de esperar", confessa Miguel Vieira ao DN.
Estudou no ISEP, no curso de Controlo de Qualidade Têxtil, e nunca optou por viver fora da sua terra natal - São João da Madeira. "Para quem está nesta área esta é a zona para se viver, uma vez que as fábricas estão localizadas todas a norte de Portugal. Facilita muito quando se tem de andar de um lado para o outro a ver matérias-primas, produção, agendar datas com fabricantes, entre outras coisas. Não quero dizer com isto que a quem não vive aqui a vida criativa versus produtiva seja impossível. A questão é que facilita o trabalho de todos", explica.
Susana de Azevedo é o seu braço direito... e esquerdo. Partilham a sociedade da empresa, trabalham diariamente lado a lado, discutem ideias e são irmãos. "Gosto de ter a minha família comigo. Somos unidos, com as nossas diferenças, quer de carácter quer de visão, em alguns casos, mas temos em comum a felicidade do nosso projecto."
Roupa (linha de homem e mulher), jóias, sapatos, mobiliário, óptica e agora linha de roupa para os mais novos, Miguel Vieira marca presença em diferentes frentes, "porque todas fazem sentido". "Os grandes nomes da moda internacional também apostam em áreas transversais à da moda. O importante é ter fluidez económica, porque ideias não me faltam", diz.
Perfeccionista, sorriso fácil, portador de uma forte personalidade, este designer optou por não ter um espaço próprio aberto ao público, trabalhando no seu atelier em São João da Madeira. "As lojas onde a marca está presente funcionam, em alguns casos, em sistema de franchising, como foi o caso da loja de Lisboa. Depois vendemos muito em espaços multimarca", explica.
A aposta em matéria-prima nacional é para manter. "Só não uso mais devido à falta de oferta que existe. Uso muitos tecidos e peles, alguns nacionais, outros estrangeiros. Temos de facto de nos habituar a consumir o que é nosso. No entanto, também temos de começar a investir e produzir matérias-primas de qualidade para recorrermos cada vez menos ao que vem de fora", observa. A marca Miguel Vieira exporta cerca de 80% do que produz através das empresas que possuem licença para o fazer.
A 29.ª edição do Portugal Fashion foi a plataforma escolhida para dar a conhecer o seu novo projecto - roupa para os mais novos - entre os 4 e os 12 anos. "Fiel ao meu estilo e à imagem da marca. A nova linha Miguel Vieira Júnior reflecte os gostos e as mais recentes tendências dos adultos para os mais novos. A idade não deve ser um barómetro para se gostar de moda. Actualmente, os miúdos começam muito cedo a querer acompanhar os gostos dos pais e daí esta linha."
Estreou-se este ano na feira internacional de calçado GDS, de Dusseldórfia, na Alemanha, e é presença assídua há já vários anos na MICAM, em Milão. "Nunca é demais estar em várias plataformas. Existe um bom apoio no que diz respeito ao calçado, mas ainda há muito para fazer, sobretudo no que diz respeito ao têxtil. Estar nessas feiras exige um investimento grande, mas é aí que se chega aos mercados internacionais", explica Miguel Vieira, que gostaria de estar presente em semanas de moda internacionais, mas que devido ao custo necessário para realizar um desfile tem decidido não fazê-lo. "Quem sabe um destes dias realize mais este sonho!", conclui.