Uma década sem pasillo em clássicos para desgosto de CR7

Ronaldo queria guarda de honra de Messi e companhia no sábado (12.00), mas Barcelona recusa. Athletic Bilbao foi pioneiro numa tradição que já atravessou fronteiras
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O Real Madrid sagrou-se bicampeão mundial, ao bater os brasileiros do Grêmio (1-0) em Abu Dhabi, mas não foi necessário esperar muitas horas para começar a especulação acerca de um eventual pasillo - guarda de honra - do Barcelona no clássico deste sábado (12.00, SportTV2), no Estádio Santiago Bernabéu.

Se a tradicional homenagem do futebol espanhol a um recém-coroado campeão fosse cumprida pelos catalães, o que não deverá acontecer, Cristiano Ronaldo receberia com bastante agrado os aplausos de Lionel Messi e companhia, como admitiu logo a seguir à final. "Seria bonito e gostava que o Barcelona nos fizesse o pasillo", disse aos jornalistas, no sábado.

A ser uma realidade, os blaugrana imitariam os gestos de fair play de Espanyol (1998), Maiorca (2002) e Valência (2015) para com os merengues e de Villarreal (de Ernesto Valverde, em 2009) e Bétis (2015) para com o próprio Barça quando se sagraram campeões mundiais. As exceções foram o L"Hospitalet, a pedido do então técnico do Barcelona, Pep Guardiola (2011); e o Granada, porque o Real Madrid já tinha uma homenagem prevista a Cristiano Ronaldo pela conquista da quarta Bola de Ouro (2016).

Contudo, os culé não estão para aí virados. Disso deu conta o diretor das relações institucionais do Barcelona, Guillermo Amor. "Neste clube, o pasillo apenas se faz quando participamos no torneio da equipa campeã, o que não é o caso", justificou, em sintonia com o que já tinha acontecido em agosto, quando os catalães não fizeram guarda de honra ao Real Madrid quando defrontaram os merengues para a Supertaça de Espanha, dias depois de o Real ter conquistado a Supertaça Europeia.

Três pasillos para a história

A história, porém, contradiz o dirigente do Barcelona. Em 2006, houve pasillo ao Sevilha dias depois de os andaluzes vencerem a Taça UEFA. Contudo, nessa ocasião houve a particularidade de se ter realizado um duplo pasillo, pois o Barça teve direito a guarda de honra logo a seguir, uma vez que tinha garantido o título espanhol dias antes.

Segundo rezam as crónicas, o primeiro pasillo terá sido feito pelo Athletic Bilbau em 1969-70, que numa partida da Taça do Rei fez questão de homenagear o então recém-coroado campeão nacional Atlético Madrid.

A moda da guarda de honra ao campeão pegou e, por três ocasiões, já integrou os apaixonantes clássicos entre Real Madrid e Barcelona. A primeira de que há memória foi em 1988, quando a famosa equipa blanca da Quinta del Buitre visitou Camp Nou já como campeã espanhola. Valeu aos catalães uma vitória por 2-0, a atenuar a humilhação.

Três anos depois, os papéis inverteram-se. Na derradeira ronda, o Dream Team de Johan Cruijff foi a Madrid já consagrado, entrou em campo com guarda de honra, mas viu os anfitriões vencerem pela margem mínima.

Mais recentemente, em 2008, o internacional português Pepe saboreou em pleno Santiago Bernabéu os aplausos de jogadores como Victor Valdés, Puyol, Xavi, Henry e Messi, o único blaugrana que este sábado poderia repetir a homenagem. Do lado merengue, Sergio Ramos e Marcelo são os resistentes. Como se não bastasse, o Real Madrid goleou por 4-1.

A tradição espanhola já atravessou fronteiras e chegou a Inglaterra em 2005, quando o Manchester United de Cristiano Ronaldo recebeu o campeão Chelsea de José Mourinho. Pelo nosso país, o Boavista deu o exemplo este ano, em maio, com guarda de honra ao Benfica no Bessa.

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