Uma autonomia madura

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O PS renovou, como esperado, a sua maioria absoluta nos Açores. Apesar das viagens eleitorais dos dirigentes partidários nacionais, a verdade é que, com a exceção de figuras regionais que se destacaram (Paulo Corvelo, da CDU, nas Flores, Artur Lima, do PP, na Terceira, ou Paulo Estêvão, do PPM, no Corvo), os resultados robusteceram o governo de Vasco Cordeiro. Mas a leitura mais profunda não se prende com os partidos, mas com a cultura política que estes resultados traduzem. A vitória socialista nos Açores radica em três valores que têm caracterizado a vida pública açoriana, e se acentuaram nesta década fustigada pela crise: normalidade, resiliência ativa e prioridade à agenda social. A política açoriana, na governação de Vasco Cordeiro e do seu braço direito Sérgio Ávila, não oferece assunto interessante para quem goste de figuras carismáticas, no sentido weberiano. Nos Açores tem-se implantado um estilo de administração que não premeia o vedetismo nem alimenta a promiscuidade entre os negócios e a política (para grande frustração dos caçadores de escândalos). Por outro lado, as vagas fortes da crise europeia, que abalaram a solidariedade com as regiões ultraperiféricas, em particular na política agrícola, têm encontrado no crescimento de um turismo atraído pela beleza natural uma poderosa alternativa. O grande desafio consiste em aprofundar as políticas regionais de proteção do ambiente e ordenamento do território, sob pena de a quantidade da procura ferir a qualidade da oferta. Finalmente, o governo regional trocou claramente a política das infraestruturas por uma agenda social, onde sobressaem os programas ocupacionais, que têm ajudado a mitigar a elevada taxa de desemprego. O governo tem procurado proteger os mais frágeis. Quem pode admirar-se de estes responderem com o seu voto?

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