Ucrânia denuncia "massacre deliberado" de civis em Bucha

Pelo menos 300 corpos foram encontrados em valas. Este massacre já é comparado ao de Srebrenica na Bósnia, em 1995. "O mundo viu um horror indescritível", diz conselheiro de Zelensky.
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O ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, disse este domingo que o assassinato de civis na cidade de Bucha, perto da capital Kiev, foi um "massacre deliberado", um dia após a descoberta de vários corpos na cidade recuperada das forças russas.

"O massacre de Bucha foi deliberado. Os russos pretendem eliminar o maior número possível de ucranianos. Devemos detê-los e expulsá-los. Exijo novas sanções devastadoras do G7. Agora", escreveu Kuleba na rede social Twitter.

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"Região de Kiev. Inferno do século 21. Corpos de homens e mulheres, que foram mortos com as mãos amarradas. Os piores crimes do nazismo retornaram à UE", escreveu o conselheiro da presidência ucraniana Mykhaylo Podolyak.

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Pelo menos 300 corpos foram encontrados em valas na cidade, que foi controlada pelos russos durante algumas semanas e recuperada pelos ucranianos nos últimos dias.

Comparando Busha ao massacre de Srebrenica na Bósnia em 1995, Podoliak acusou o Ocidente de tentar "não provocar os russos" para evitar uma Terceira Guerra Mundial.

"Como resultado, o mundo viu um horror indescritível de desumanidade em Busha, Irpin, Gostomel. Centenas, milhares de pessoas mortas, dilaceradas, violadas, amarradas, violadas novamente e mortas novamente", afirmou Podoliak.

"Vocês ainda vão tentar virar as costas? Organizar outra cimeira para se preocuparem e balançarem a cabeça?", afirmou o assessor, dirigindo-se aos líderes europeus.

A responsáveis pelos direitos humanos do Parlamento ucraniano, Liudmila Denissova, por sua vez denunciou um "genocídio" e um "crime contra a humanidade", pedindo julgamentos e sentenças muito severas à "horda bárbara da Rússia".

As forças ucranianas só conseguiram penetrar completamente em Busha há alguns dias, ocupada pelos russos e permaneceu inacessível por quase um mês.

A agência e notícias AFP viu no sábado os corpos sem vida de pelo menos vinte homens com roupas civis numa rua de Busha. Um dos homens tinha as mãos amarradas e os corpos estavam espalhados por várias centenas de metros.

A causa de sua morte não pode ser determinada imediatamente, mas uma pessoa tinha um grande ferimento na cabeça, adiantam.

"Todas essas pessoas foram baleadas", "eles [os russos] mataram com uma bala na nuca", assegurou à AFP o autarca de Busha, Anatoly Fedorouk.

"Em Busha, já enterramos 280 pessoas em valas comuns" porque era impossível fazê-lo nos três cemitérios do município, todos ao alcance dos soldados russos, acrescentou Fedorouk.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, acusou este domingo o exército russo de ter cometido "atrocidades" na região de Kiev e pediu mais sanções contra Moscovo.

"Chocado com as imagens perturbadoras das atrocidades cometidas pelo exército russo na região libertada de Kiev", afirmou Charles Michel no Twitter, com a hashtag #BuchaMassacre".

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"A UE está a ajudar a Ucrânia e as ONG's a reunir as provas necessárias para ações nos tribunais internacionais", acrescentou.

"Mais sanções e ajuda da UE estão a caminho", completou.

A ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, disse hoje que os ataques da Rússia a civis devem ser investigados como crimes de guerra, após as "atrocidades" que ocorreram nas cidades ucranianas de Irpin e Bucha, na Ucrânia.

Liz Truss, afirma que o governo está a ver "aumentar as provas de atos terríveis por parte das forças invasoras em cidades como Irpin e Bucha", perto de Kiev, e que os "ataques indiscriminados das tropas russas contra civis inocentes durante a invasão ilegal e injustificada da Ucrânia pela Rússia devem ser investigados como crimes de guerra".

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"Não permitiremos que a Rússia encubra o seu envolvimento nestas atrocidades através de desinformação cínica", disse Truss, acrescentando que o Reino Unido "apoiará plenamente quaisquer investigações do Tribunal Penal Internacional".

A ministra dos Negócios Estrangeiros apelou também a sanções mais duras, depois de o Primeiro-Ministro Boris Johnson ter publicado na rede social Twitter que o Reino Unido "continuaria a intensificar o apoio militar, económico e diplomático, incluindo novas sanções".

Truss diz ainda ser essencial que a comunidade internacional "continue a fornecer à Ucrânia o apoio humanitário e militar de que tanto necessita, e que se intensifique as sanções para cortar o financiamento da máquina de guerra de Putin".

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