A Ucrânia acusou este sábado a Rússia de ter sequestrado o diretor da central nuclear da Zaporijia, a maior da Europa, horas depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter formalizado a anexação daquela região ucraniana..A empresa estatal Energoatom, que gere as centrais nucleares ucranianas, disse que tropas russas pararam o carro de Ihor Murashov na sexta-feira à tarde, vendaram-no e levaram-no para um local desconhecido.."A sua detenção põe em risco a segurança da Ucrânia e da maior central nuclear da Europa", disse o presidente da Energoatom, Petro Kotin, citado pela agência norte-americana AP. Kotin exigiu a libertação imediata de Murashov..Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia "condena com veemência a detenção ilegal" de Mourachov..A Rússia não se pronunciou ainda sobre a acusação, tal como a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que tem técnicos na central, segundo a AP..Muitas das informações sobre a guerra em curso na Ucrânia divulgadas pelas duas partes não podem ser confirmadas de imediato de forma independente..A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporijia, que está ocupada por tropas russas..A situação na central de Zaporijia tem causado preocupação generalizada desde o início da guerra, com ucranianos e russos a acusarem-se mutuamente de ataques contra o complexo, que podem causar um desastre nuclear..Em 1986, quando integrava a antiga União Soviética, a Ucrânia sofreu o acidente nuclear mais grave de sempre no mundo, ocorrido na central de Chernobil..O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou, na sexta-feira, o tratado de integração de Zaporijia na Federação Russa, juntamente com as regiões de Donetsk, Lugansk e Kherson..A decisão seguiu-se a referendos realizados em tempo de guerra, cuja legitimidade foi rejeitada pela Ucrânia e pela comunidade internacional..A Rússia usou o mesmo método para anexar a península ucraniana da Crimeia, em 2014..O conflito atual na Ucrânia foi desencadeado pela invasão russa do país vizinho, em 24 de fevereiro deste ano..Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra na Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm afirmado que será muito elevado.