Turmas pequenas, estabilidade e união

Barcelos Diretor da escola que mais evolui os alunos diz que segredo é corpo docente fixo, turmas pequenas e valorização da escola
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Num ranking em que o que conta é a evolução que se consegue com os alunos, por comparação com os pares, o primeiro classificado - a Básica e Secundária de Vila Cova, de Barcelos -é uma escola que superou barreiras que a muitos pareceriam intransponíveis: mais de dois terços dos alunos são carenciados, beneficiando de apoios da Ação Social Escolar, e a maioria dos pais têm baixas qualificações.

"É um meio social desfavorecido, em que as profissões do pai são basicamente no setor têxtil e construção civil, também existem alguns serviços mas poucos", resume ao DN Alberto Rodrigues, diretor do Agrupamento de Escolas de Vila Cova.

Como é que a secundária desta localidade conseguiu chegar ao topo da lista das escolas que mais fizeram progredir os seus alunos, com resultados 21,8% acima da média de escolas equivalentes e à frente - não em valores absolutos mas em termos de progressão - de colégios privados de topo? Para além do trabalho, que assegura vir desde "há bastantes anos", Alberto Rodrigues admite que existem algumas "vantagens de contexto" que dão a este pequeno agrupamento de 700 alunos - 500 dos quais na escola-sede - um avanço em relação a muitas outras escolas de meios desfavorecidos.

"O facto de termos, do 1.º ciclo ao secundário, turmas que em média têm menos de 20 alunos, é uma vantagem, porque permite que o professor dedique mais tempo a cada aluno na sala de aula, que o conheça melhor. A própria disciplina é melhor numa turma mais pequena", ilustra. Mas há outras: "O corpo docente é estável há vários anos: Entre 73 professores, apenas quatro são contratados a termo. Os professores conhecem-se há vários anos. Há uma relação de confiança mútua e de cooperação", descreve.

Mas o aspeto decisivo, defende, é mesmo o envolvimento da comunidade na vida da escola. Algo que muitas vezes não acontece em meios desfavorecidos: "Associações de pais, autarquias, os pais em geral, a comunidade educativa em geral valoriza muito a escola. São pessoas que se interessam, e que transmitem aos filhos a ideia de que a escola faz-lhes bem. Ajuda-os a serem melhores homens e mulheres amanhã".

Muito crítico dos rankings com base nos exames nacionais, os quais, defende, "só ajudam as escolas privadas", Alberto Rodrigues admite que este nono indicador, relativo aos percursos de sucesso dos alunos, "permite fazer uma avaliação mais justa, porque "tem em consideração o valor acrescentado que incutimos".

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