Os testes rápidos, denominados testes de antigénio, permitem que em 15 minutos se fique a saber se se está ou não infetado com o novo coronavírus. Caso a amostra recolhida demonstre a existência da proteína do vírus, o teste diz que a pessoa testada é portadora do SARS-CoV-2. O resultado aparece numa pequena placa - idêntica às dos testes de gravidez -, onde surgem dois risquinhos para os casos positivos..Estes testes de proximidade têm uma sensibilidade igual ou superior a 90% e especificidade igual ou superior a 97%, comparativamente com os testes PCR (reação em cadeia da polimerase) - os chamados testes moleculares de laboratório. Os rápidos devem ser realizados nos primeiros cinco dias (inclusive) da doença - com este prazo, pretende-se diminuir a probabilidade de falsos negativos.Em princípio qualquer pessoa pode submeter-se ao teste, mas faz sentido que tenha sintomas ou apresente um quadro suscetível de internamento - deve ser preferencialmente feito se não for possível fazer o teste de laboratório. Há pessoas que, pelo contacto com alguém positivo, ou por qualquer outra suspeita, ficam bastante ansiosas e decidem fazer o teste, explica Vanessa Zuzarte Luís, coordenadora científica do Centro de Diagnóstico Molecular do Instituto de Medicina Molecular (IMM) para a Covid, que tem um protocolo com a Cruz Vermelha Portuguesa CVP), entidade que está a realizar este tipo de testes e que já ofereceu 500 mil ao Serviço Nacional de Saúde..A DGS esclarece que os testes rápidos de antigénio devem ser vistos como alternativa aos testes de moleculares de PCR ou como segunda linha diagnóstica, dependendo do contexto clínico e epidemiológico do doente/pessoa, da disponibilidade de testes moleculares de PCR e da capacidade de resposta em tempo útil. A DGS "não recomenda a sua utilização generalizada, mas sim a sua utilização adequada", de acordo com as orientações que entram em vigor a 9 de novembro..Os testes, tanto os rápidos como os moleculares, não devem ser feitos por pessoas com história de infeção por SARS-CoV-2, confirmada laboratorialmente nos últimos 90 dias, a não ser que apresentem sintomas e, simultaneamente, tenham estado e contacto com alguém infetado nos últimos 14 dias..Se suspeita ou tem sintomas da covid-19, deve submeter-se a este teste nos primeiros cinco dias (inclusive) de doença. O objetivo é diminuir a probabilidade de obtenção de falsos negativos. Também deve fazer este teste sempre que o teste molecular (PCR) não estiver disponível para o diagnóstico ou rastreio em tempo útil e apresentar um quadro sintomático ou de internamento..O DN ligou para vários laboratórios privados que fazem os testes moleculares à covid-19 (PCR) e os testes serológicos, que determinam imunidade, bem como para hospitais particulares. Nenhum deles confirmou que realiza o teste. Este exame está a ser feito pela Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), nos seus postos fixos e nas seis unidades móveis. Custam 20 euros, no caso de não se apresentar prescrição médica. Até 14 de outubro, a CVP fez um total de 27.104 testes (CPR e rápidos) e ofereceu recentemente 500 mil antigénios ao Serviço Nacional de Saúde. Quem quiser realizar um teste à covid-19 nos postos da CVP pode fazê-lo através de marcação online ou pela linha 1415..Os testes rápidos são apresentados como fiáveis - embora em setembro a ministra da Saúde tenha feito declarações que apontavam o sentido contrário, nomeadamente no caso de portadores do vírus assintomáticos, que podiam dar origem a falsos negativos. Se o resultado do teste for positivo, o doente deve ser encaminhado para o SNS; se for negativo, deve fazer-se um teste molecular nas próximas 24 horas no caso de elevada suspeita de infeção. "O problema é a sensibilidade destes testes, que só detetam uma carga viral muito elevada", diz Vanessa Zuzarte Luís, do IMM, acrescentando que no caso dos indivíduos com sintomas e com cargas virais elevadas, se revela muito útil..Quem pensa que um teste rápido o dispensa do incómodo da zaragatoa desengane-se. Este teste implica igualmente a recolha de amostras através do instrumento, semelhante a um cotonete, introduzido nas vias nasais e na garganta, tal como acontece com o teste PCR - a chamada colheita do exsudado da nasofaringe. As amostras recolhidas são depois passadas num líquido que é colocado na placa, idêntica à dos testes de gravidez feitos em casa, que dará o veredicto. Por esta razão, este teste só pode ser feito por profissionais de saúde..Covid-19: Testes rápidos devem ser aplicados em surtos em escolas ou lares.Conhecer o resultado em 15 minutos é a primeira vantagem deste teste. Mas a sua grande utilidade passa pelo facto de permitir uma testagem em grande quantidade, num curto espaço de tempo. Por isso, a norma da Direção-Geral da Saúde publicada na segunda-feira 26 de outubro, que define a Estratégia Nacional de Testes para SARS-CoV-2, refere que em situação de surto, nomeadamente em escolas e lares de terceira idade, "devem ser utilizados, preferencialmente, testes rápidos de antigénio, realizados pelas equipas de saúde pública indicadas para a intervenção rápida". O objetivo é que, em parceria com as instituições municipais, ou outra, se consiga uma rápida implementação de medidas de saúde pública. Ao permitir identificar rapidamente os indivíduos infetados em grande escala, está-se a reduzir a propagação do vírus.Como já explicou a cientista do IMM, a sensibilidade dos testes moleculares de laboratório é mais elevada, o que até pode permitir que o vírus seja detetado num período mais precoce. Os PCR detetam o material genético do vírus, já os testes rápidos detetam as proteínas na superfície do vírus..Sim. Tanto o teste rápido como o teste molecular devem ser considerados para rastreio regular (entre sete e 14 dias) dos profissionais de saúde que prestam cuidados diretos e de maior risco de contágio. Nas instituições de apoio ou acolhimento a populações mais vulneráveis, nomeadamente lares e cuidados continuados, centros de acolhimento a migrantes e refugiados, devem ser feitos os testes moleculares até 72 horas antes da admissão. "Se o teste molecular não estiver disponível ou não permitir a obtenção do resultado em menos de 72 horas, deve ser utilizado um teste rápido de antigénio", refere a norma da DGS que define as orientações de testes para SARS-CoV-2..Na internet é possível comprar o teste rápido serológico, um teste que deteta os anticorpos no sangue que são produzidos pelo organismo do doente em resposta à infeção pelo vírus. Este, como já se disse, deve ser feito por profissionais de saúde. Os testes serológicos designam-se assim uma vez que são geralmente realizados através do soro sanguíneo..A empresa que lançou os testes rápidos no nosso país é a norte-americana Abbott, que considera o Panbio COVID-19 Ag (nome do teste) "uma ferramenta muito útil para apoiar estratégias de saúde pública, como o rastreamento de contactos e testes em grande escala de indivíduos com suspeita de infeção ativa." Além disso, permite a realização de testes com maior frequência devido à sua acessibilidade e à rapidez com que os resultados são conhecidos..No entanto, a empresa não deixa de salientar que um resultado negativo "não exclui a possibilidade de o doente estar infetado com covid-19 e não pode ser usado como base única para a determinação do tratamento ou para outras decisões terapêuticas".