Tubarão-branco avistado nas Baleares. Calma, é inofensivo
Uma expedição científica cruzou-se esta quinta-feira com um tubarão-branco de cinco metros nas águas mediterrânicas de Cabrera, a escassas milhas das ilhas Baleares, no que foi o primeiro avistamento em quase meio século deste tubarão naquela zona.
Medo? Claro que não. "A população desta espécie que há milhares de anos vive na costa Atlântica, em águas portuguesas, ou na zona do Mediterrâneo, é absolutamente inofensiva para os humanos, porque apenas se alimenta de peixes grandes", explica ao DN o biólogo marinho Élio Vicente. "Provavelmente, poucos dias antes de ter sido avistado junto às Baleares, o tubarão passou aqui, na nossa costa", diz o especialista.
Tal como acontece com os seres humanos, que têm diferentes preferências e regimes alimentares consoante a sua região e cultura, "também as populações de tubarões-brancos têm preferências alimentares distintas, dada a região onde vivem", resume Élio Vicente.
No litoral português e no Mediterrâneo, por exemplo, onde andam geralmente a quatro ou cinco milhas de distância da costa, o seu alimento preferido é o atum, mas não desdenham um outro qualquer peixe grande.
Noutros mares, como os da Austrália, Nova Zelândia ou África do Sul, as populações desta espécie já se alimentam de focas e de leões-marinhos e, por isso, os surfistas, com os seus fatos negros e barbatanas nos pés, podem ser facilmente confundidos pelos tubarões com aqueles animais.
"Por vezes atacam surfistas nessas águas, mas quando se apercebem de que não se trata de uma foca ou de um leão-marinho, largam-nos", explica o biólogo. Nesses casos, quando há mortes, é pela perda de sangue, e não por serem devorados pelos tubarões, esclarece o especialista.
Por cá, não há sequer esse risco. "Estes tubarões sentem os humanos como uma ameaça, porque são muito ruidosos, e inclusivamente tendem a afastar-se".
O tubarão-branco avistado pela expedição da organização de ambiente Alnital estava a poucos metros do navio e foi filmado e fotografado pelos cientistas durante cerca de 70 minutos.
"Íamos escutar cetáceos quando vimos uma barbatana negra e imediatamente vimos que era um tubarão muito grande. As condições do mar eram ótimas e tínhamos o espécime a três metros do barco, pudemos observá-lo de perto", explicou ao El País o biólogo Fernando López-Mirones, que participava na expedição.
A presença desta espécie perto das Baleares não é inédita, mas desde que houve exemplares ali pescados em 1974 não havia confirmação da sua presença. Por isso, "este avistamento é bom sinal", garante Élio Vicente. "Significa que as águas ali estão de boa saúde, dado que o animal foi ali em busca de alimento".