As pressões de Donald Trump para os europeus anteciparem o aumento das despesas militares, reafirmadas esta quinta-feira, só podem ser satisfeitas se os aliados comprarem sistemas de armas às empresas norte-americanas.."Teríamos que comprar o que está à disposição no mercado e isso é bom para Donald Trump, que quer vender e isso é bom para as empresas norte-americanas", afirmou ao DN o coronel Nuno Pereira da Silva, especialista em assuntos de defesa europeus.."Estamos a ganhar tempo para desenvolver tecnologias europeias, criar uma base industrial de defesa comum" que só se "consegue a médio prazo, talvez 2030", sublinhou o oficial..A própria Comissão Europeia anunciou recentemente que "vai dar dinheiro para investigação e desenvolvimento" nesse domínio, criando mesmo um fundo próprio para a Defesa, acrescentou o militar, cuja carreira passou pela NATO e nas estruturas militares europeias..As pressões de última hora de Donald Trump - interpretadas por alguns como ameaça de retirar os EUA da Aliança - levaram esta quinta-feira os líderes políticos da NATO a reunir de emergência em Bruxelas..No fim, após o presidente norte-americano dizer que a sua grande insatisfação de quarta-feira com os aliados já era passado e estava muito satisfeito com os novos compromissos dos europeus, o homólogo francês afirmar que nada mudou: "Há um comunicado", publicado quarta-feira, que "é muito detalhado [e] confirma o objetivo de 2% até 2024", o que "é tudo.".Trump, além de querer que os europeus aumentem os gastos de defesa para 2% do PIB antes de 2024, insistiu no crescimento desse limite para a casa dos 4% a médio prazo - ficando por saber onde.."A Europa não pretende ser uma superpotência. Quer ser um parceiro à escala global e credível em todo o lado, mas não dominar o mundo", frisou Nuno Pereira da Silva. "Não é esse o objetivo da UE", cujo somatório das despesas militares dos Estados membros não se traduz na correspondente capacidade operacional por causa das divisões nacionais..Note-se que o orçamento militar dos EUA, segundo estimativas divulgadas esta semana pela NATO, foi de 3,57% do PIB em 2017 e 3,50% este ano - quando o total dos orçamentos dos aliados europeus e do Canadá chega aos 1,47%.."Se o orçamento [europeu] fosse bem gasto e de forma cooperativa, era muito mais eficiente e eficaz. Mas isso só se resolve com a entrada da Comissão Europeia", observou ainda aquele coronel do Exército na reserva.