Trump Organization acusada de fraude fiscal

Grande júri e procuradores de Nova Iorque acusam a empresa de Trump e o seu diretor financeiro de esquema de fuga aos impostos.
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Allen Weisselberg, o diretor financeiro que supervisionou a gestão da Trump Organization enquanto Donald Trump esteve na Casa Branca, entregou-se às autoridades num tribunal de Nova Iorque na quinta-feira às 6.20. Antecipou-se várias horas às acusações de 15 crimes, as quais só iriam ser reveladas durante a tarde por um juiz: furto qualificado, fraude fiscal, conspiração e falsificação de documentos.

Já a holding passada para os filhos por Trump quando assumiu a presidência está acusada de um esquema de fraude fiscal que durou 15 anos. Durante a audiência, a procuradora Carey Dunne disse que o esquema permitia aos executivos da Trump Organization obter "aumentos salariais secretos" enquanto não pagavam os impostos devidos. "Sem rodeios, foi um esquema generalizado e audacioso de pagamentos ilegais", acusou.

Weisselberg, de 73 anos, funcionário há quatro décadas da Trump Organization, esteve envolvido em quase todas as decisões financeiras da empresa e é considerado um elemento-chave num possível processo contra Trump, caso decida colaborar com a justiça. Numa declaração prévia à acusação, a advogada pessoal de Weisselberg, Mary Mulligan, escreveu que o diretor financeiro iria declarar-se inocente e "combaterá as acusações em tribunal".

DestaquedestaqueDonald Trump diz que não há qualquer crime e que o caso é "puramente político". Os cidadãos que constituem o grande júri têm opinião contrária.

A Trump Organization emitiu um comunicado em que chamou Weisselberg de "marido, pai e avô amoroso e dedicado" e acusou o procurador distrital de o utilizar "como um peão numa campanha de terra queimada para prejudicar o antigo presidente".

"O procurador distrital está a instaurar um processo criminal envolvendo benefícios de empregados que nem o IRS nem qualquer outro procurador distrital pensariam em instaurar", disse uma porta-voz da empresa. "Isto não é justiça; isto é política".

A investigação dos procuradores incluiu as regalias como automóveis, apartamentos em Manhattan e propinas em escolas. "Estes são benefícios suplementares realmente dispendiosos", disse Duncan Levin, advogado da antiga nora de Weisselberg, Jennifer Weisselberg, que já disse querer testemunhar. "São apartamentos multimilionários, propinas para as escolas privadas mais caras do mundo, renovações de mármore e outros equipamentos topo de gama. O cerne da questão é sério", disse à NPR.

O antigo presidente negou qualquer ato ilícito. Na quarta-feira, em entrevista à Fox News, Trump considerou um "total disparate" as destituições de que foi objeto bem como as investigações que decorrem. No início da semana disse que o caso abrange "coisas que são prática corrente em toda a comunidade empresarial dos EUA, e de modo algum um crime".

"Isto é puramente político, e uma afronta aos quase 75 milhões de eleitores que me apoiaram nas eleições presidenciais, e está a ser conduzido por procuradores democratas altamente facciosos", disse quando o grande júri foi convocado em maio. No entanto, o estabelecimento de um grande júri previne qualquer aproveitamento político, uma vez que em Nova Iorque são necessários pelo menos 23 jurados, dos quais 12 têm de estar de acordo com a acusação.

cesar.avo@dn.pt

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