As buscas realizadas à residência do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, no dia 8, tinham como objetivo recuperar provas e documentos ilegalmente levados da Casa Branca, depois de em janeiro do ano passado, uma agência federal ter recuperado 184 documentos classificados, entre os quais 25 marcados de top secret, revelou a declaração entregue pelas autoridades ao tribunal da Florida que autorizou a revista à propriedade de Mar-a-Lago..Dias depois da operação, Trump disse que todos os documentos eram "desclassificados" e que se o Departamento de Justiça tivesse pedido, ele teria devolvido os papéis..A declaração de 38 páginas entregue no tribunal do distrito sul da Florida, assinada por um agente especial do FBI, foi tornada pública por ordem de um juiz, depois de vários órgãos de comunicação social terem pedido a divulgação do documento, tendo alegado o interesse público pelas buscas do FBI à mansão de Trump. O Departamento de Justiça opôs-se à publicação, mas o juiz concordou, desde que a declaração fosse editada de forma a não pôr em causa a investigação..No seu pedido de mandado de busca, o Departamento de Justiça afirmou que a investigação estava relacionada com "retenção intencional de informações da defesa nacional", um delito que se enquadra na Lei de Espionagem, "ocultação ou remoção de registos governamentais" e "obstrução de uma investigação federal"..DestaquedestaqueA declaração do agente do FBI aponta para "provas, contrabando, frutos de crime" e "provas de obstrução"..O mandado, assinado pelo procurador-geral Merrick Garland, autorizou o FBI a revistar o "escritório 45", referência ao gabinete privado do 45.º presidente dos EUA na sua residência, bem como em salas adjacentes daquela propriedade que também tem instalações hoteleiras. "Há uma causa provável para acreditar que os locais a serem revistados no local contêm provas, contrabando, frutos de crime, ou outros itens ilegalmente retidos", lê-se na declaração; e noutra passagem, também se fala em "causa provável para encontrar provas de obstrução"..Na sequência do Watergate, o Congresso aprovou legislação para impedir que Richard Nixon levasse consigo os documentos reveladores da sua trama. Mais tarde, em 1978, a legislação foi ampliada para que os documentos de todos os presidentes cessantes - prendas incluídas - tenham de ser encaminhados para os Arquivos Nacionais (NARA, na sigla em inglês)..Foi esta agência que recuperou, um ano depois da chegada de Joe Biden à presidência, 15 caixas de documentos que estavam na casa do homem que não esconde o desejo de se recandidatar. A NARA também alertou o FBI, que ao inspecionar o conteúdo deste material, e estando ao corrente de que mais estava em Mar-a-Lago, começou uma investigação própria..Na primeira vez que um antigo chefe de Estado norte-americano é alvo de buscas em sua casa, o FBI deu conta de que nos documentos recuperados pela NARA estavam, entre outros documentos como jornais, revistas e uma miscelânea de outros papéis, 184 documentos classificados: 25 marcados como top secret, 92 de "secreto", e 67 de "confidencial", o nível mais baixo de classificação. Também há documentos com etiquetas que indicavam conter informação sobre fontes clandestinas.."Parece que entre os documentos indevidamente geridos em Mar-a-Lago se encontravam algumas das nossas informações mais sensíveis", comentou o senador Mark Warner, que preside à comissão dos serviços secretos do Senado..cesar.avo@dn.pt