Trump "desrespeitou" Theresa May e o Reino Unido, diz Jeremy Hunt

O ministro dos Negócios Estrangeiros e candidato à liderança do Partido Conservador criticou os ataques e as críticas de Donald Trump ao embaixador do Reino Unido demissionário e à primeira-ministra.
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O mal-estar diplomático entre o Reino Unido e os EUA continua com a reação do ministro dos Negócios Estrangeiros e candidato à liderança do Partido Conservador, Jeremy Hunt, às críticas que Donald Trump fez à primeira-ministra Theresa May e a Kim Darroch, o embaixador britânico em Washington que se demitiu esta quarta-feira. O diplomata tinha criticado o chefe de Estado norte-americano em documentos confidenciais que foram revelados na imprensa britânica.

Numa mensagem escrita no Twitter, dirigida ao presidente norte-americano, Hunt foi muito claro sobre o desconforto causado pelas farpas lançadas por Trump. "Amigos falam com franqueza e, por isso, é o que farei: estes comentários são desrespeitosos e errados para com a nossa primeira-ministra e o meu país", escreveu.

Na rede social, o responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros concordou com o presidente dos EUA quando este afirmou que "a aliança entre o Reino Unido e os Estados Unidos é a maior da História". No entanto, faz questão de lembrar Donald Trump sobre um aspeto muito importante na relação entre os dois países: "Os aliados têm de tratar-se com respeito, como Theresa May sempre fez consigo".

Esta foi a reação de Jeremy Hunt aos mais recentes insultos que o chefe de Estado norte-americano publicou na mesma rede social contra o Kim Darroch, que após a polémica apresentou a demissão. "Eu não conheço o embaixador, mas disseram-me que ele é um tonto pomposo. Digam-lhe que os EUA têm agora a melhor economia e forças militares do mundo", escreveu Donald Trump na terça-feira.

Na mesma publicação, o presidente dos EUA voltou a criticar a forma como a primeira-ministra britânica lidou com o processo do Brexit. "Eu disse a Theresa May como lidar com a questão, mas ela preferiu ir pelo seu tolo caminho e não o conseguiu fazer", redigiu no Twitter.

"Nós realmente não acreditamos que esta administração se torne substancialmente mais normal, menos disfuncional, menos imprevisível, menos facciosa, menos desastrada e inepta diplomaticamente", terá escrito Darroch num despacho, citado pelo jornal britânico The Guardian.

Trump corta relações com embaixador britânico

De acordo com memorandos publicados pelo The Mail On Sunday, o diplomata terá dito que a presidência de Trump podia "terminar em desgraça". Segundo a mesma fonte, o Darroch, de 65 anos, descreveu o presidente dos EUA como "inseguro" e "incompetente".

O presidente dos EUA não tardou a reagir ao afirmar que o embaixador não é bem visto nos EUA e que "não tem servido bem o Reino Unido". Mais tarde, Donald Trump anunciou mesmo o corte de relações com o diplomata. "Não vamos negociar mais com ele", escreveu no Twitter.

Depois deste incidente diplomático, Theresa May fez saber que mantinha "total confiança" no seu embaixador nos EUA. Confessou, no entanto, que não partilhava da opinião do diplomata quando este se referiu à administração Trump. "A primeira-ministra não concorda com a avaliação (do embaixador). A primeira-ministra tem um bom relacionamento com o presidente (Trump) e o governo trabalha de perto e de forma construtiva com a administração numa variedade de questões", divulgou um porta-voz da residência oficial de Downing Street.

Hunt mantém embaixador caso seja primeiro-ministro

O mal-estar entre os dois países foi um dos temas abordados no debate na TV entre os dois candidatos à liderança do Partido Conservador, no qual Jeremy Hunt garantiu que iria manter Darroch como embaixador do Reino Unido em Washington se se tornasse primeiro-ministro. "Quem escolhe os nossos embaixadores é um assunto para o governo do Reino Unido e para o primeiro-ministro do Reino Unido, e deixo claro que se eu for o nosso próximo primeiro-ministro, o embaixador em Washington fica porque a decisão é nossa", afirmou antes de se saber da demissão do diplomata.

Já Boris Johnson destacou a "importância extraordinária" da relação com os EUA e afirmou que era "vital" não politizar as funções de embaixador.

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