Trump compara migrantes a lutadores de vale-tudo

Presidente norte-americano diz que programa de asilo é "um esquema", que candidatos são "treinados" por advogados e que muitos deles têm aspeto rude e agressivo e parecem lutadores do UFC
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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu gozar com o aspeto de alguns dos candidatos a asilo que têm chegado às fronteiras do país, classificando como "um esquema" a sua alegada condição de refugiados e descrevendo-os como "algumas das pessoas de aspeto mais rude que vocês já viram, parecendo que deveriam estar a lutar no UFC [Ultimate Fighing Championship]", a versão norte-americana da forma de luta conhecida por "vale-tudo" na qual é possível combinar várias artes marciais e os combates são particularmente violentos.

No discurso feito neste sábado, em Las Vegas, perante elementos da Congregação Judaica Republicana, Trump ridicularizou também o discurso destes imigrantes oriundos de países da América Central, que apelidou de "durões", defendendo que estes são "treinados" por advogados para memorizarem "uma pequena folha" elencando as ameaças que diziam sentir nos seus países de origem.

"Tenho muito receio pela minha vida. Estou muito preocupado com o risco de ser acossado se me mandarem de volta para casa", ridicularizou o Presidente dos Estados Unidos, que chegou ao ponto de fazer voz grossa para acentuar a sua sátira. "Não, não. Ele [o refugiado] é que irá acossar", garantiu.

Trump criticou ainda os defensores dos programas de asilo, defendendo que estes consideram os imigrantes vítimas, apesar de também não gostarem que alguns dos refugiados "tenham tatuagens na cara" ou que viajem transportando consigo "bandeiras das Honduras, Guatemala ou El Salvador". Facto este que, na lógica particular de Donald Trump - a enorme comunidade cubana de Miami talvez tenha outra opinião - prova que não estão "petrificados" com a perspetiva de serem mandados de volta para os seus países.

De resto, o Presidente dos Estados Unidos anunciou ter mandado suspender a ajuda financeira àqueles três países, considerando que estes não estão a fazer o suficiente para travar as caravanas de refugiados.

"Estamos cheios, voltem para trás"

Mas a nova investida de Donald Trump contra a imigração não se ficou por aqui. Na sexta-feira, num discurso na cidade fronteiriça de Calexico, no Sul da Califórnia, o Presidente dos Estados Unidos já tinha deixado um aviso aos refugiados: "O sistema [de imigração] está cheio. Não receberemos mais ninguém", anunciou, aconselhando quem está a caminho da fronteira norte-americana a "voltar para trás.

Os recados prosseguiram, nomeadamente através da plataforma preferida de Trump, o twitter, visando os mexicanos, a quem avisou que as relações comerciais podem ser prejudicadas enquanto estes não resolverem "a ridícula e massiva" afluência nas fronteiras; e também os democratas, os quais voltou a pressionar no sentido de viabilizarem alterações às leis de imigração no Congresso.

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