Tribunal só deu como provados três dos quatro homicídios

O Tribunal de Torres Vedras decidiu condenar "Rei Ghob" a 25 anos de prisão, pena máxima permitida em Portugal, por três dos quadro homicídios de que vinha a ser acusado, apenas com os votos da maioria do júri.
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No julgamento, que decorreu com tribunal de júri, um dos elementos do coletivo de juízes, considerou como "não provados os três crimes de homicídio e de ocultação de cadáver", refere o acórdão.

A juíza Raquel Baptista alegou que o depoimento da testemunha Mara Pires, no qual o tribunal se baseou, em parte, para dar como provados os crimes, "não lhe mereceu credibilidade", por "não criar a convicção segura e objetivada na prova de que as vítimas morreram".

Francisco Leitão foi condenado a 25 anos de prisão em cúmulo jurídico: 18 anos pelo homicídio qualificado de Joana Correia (03 de março de 2010), 13 anos pelo crime de homicídio de Tânia Ramos (05 de junho de 2008) e ainda a 12 anos e seis meses pelo crime de homicídio de Ivo Delgado (26 de junho de 2008).

Nos dois últimos casos, o arguido estava acusado do crime de homicídio qualificado, mas acabou por ser condenado por homicídio simples. No caso de Joana, o tribunal defendeu que é necessário fazer um "juízo de maior censura".

Francisco Leitão foi ainda condenado a 12 meses de prisão por cada um dos três crimes de ocultação de cadáver, a 12 meses por crime de falsificação de documentos, e a três meses por crime de detenção de arma ilegal.

O tribunal de júri condenou ainda Francisco Leitão ao pagamento de 150 mil euros de indemnização aos familiares de Tânia Ramos, 100 mil euros aos familiares de Joana Correia e 100 mil euros aos familiares de Ivo Delgado.

Todos os factos da acusação foram dados como provados, à exceção dos que se reportam aos crimes de homicídio e de ocultação de cadáver de um idoso sem-abrigo, conhecido por "Pisa Lagartos" (1995).

À saída do tribunal, Cecília Delgado, mãe de Ivo Delgado, admitiu que estava satisfeita com a pena aplicada. Também Cláudia Lúcio Gomes, advogada que representa o pai de Ivo Delgado, disse que "finalmente se fez justiça e se fechou um capítulo na vida dos familiares das vítimas", apesar de não terem sido encontrados os cadáveres para fazerem o luto.

Sandra Bizarro e Cunha, uma das advogadas do arguido, afirmou que "a defesa vai recorrer porque não se revê nem concorda em nada com a decisão, à exceção da absolvição pelo suposto homicídio" de "Pisa Lagartos".

No recurso, a defesa "vai insistir para que a testemunha Mara Pires seja constituída arguida".

O julgamento contou com a sala de audiências cheia do lado da assistência.

O arguido, homossexual, foi movido por questões passionais para matar as vítimas: as duas raparigas, porque eram namoradas de jovens com quem o réu queria ter um caso amoroso, e Ivo Delgado, por não ter querido voltar a ter qualquer envolvimento com Francisco Leitão, após o desaparecimento da namorada, Tânia Ramos.

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