Líder de seita condenado por violação. Protestos já fizeram 28 mortos

Homem que se autointitula de santo doutor foi condenado por violar duas mulheres. Apoiantes reagiram em fúria e há mais de 200 feridos
Publicado a
Atualizado a

Tumultos na cidade de Panchkula, no norte da Índia, deixaram esta sexta-feira pelo menos 29 pessoas mortas e 250 feridas, após um tribunal ter condenado o líder de uma seita por violação, segundo a polícia e um médico. Mais de 1000 apoiantes do líder da seita Dera Sacha Sauda foram detidos em Panchkula por fogo posto e destruição de propriedade pública.

A polícia utilizou canhões de água para tentar dispersar a multidão, que se tinha concentrado junto ao tribunal onde Gurmeet Ram Rahim Singh foi condenado por violar duas das suas seguidoras em 2002.

Mais de 15.000 polícias e paramilitares foram enviados para a cidade, devido ao receio das autoridades de que possa acontecer uma onda de violência.

"O tribunal da cidade de Panchkula anunciou a condenação, neste caso com 15 anos de prisão, do líder de uma seita, que se chama a si mesmo de santo doutor Gurmeet Ram Rahim Singh Ji Insan", segundo o procurador H.P.S. Verma.

Em resposta, os seguidores atacaram duas estações de comboios, bombas de gasolina e outros locais públicos nos estados de Punjab e Haryana. Neste último estado, morreram pelo menos 18 das vítimas, segundo a Reuters.

O procurador também disse que a sentença será confirmada na segunda-feira e que o líder religioso será levado para a prisão central da cidade de Rohtak.

Este caso está a ser julgado num tribunal especial dirigido pela principal agência de segurança da Índia, o Escritório Central de Investigação.

A multidão também incendiou edifícios governamentais e atacou a polícia e jornalistas, danificando carrinhas de televisões e equipamento de transmissão.

Seita diz ter 50 milhões de seguidores

A seita em causa, Dera Sacha Sauda, divulgou ter cerca de 50 milhões de seguidores e fazer campanhas de vegetarianismo e contra a dependência de drogas. Também assumiu causas sociais, como a organização dos casamentos de casais pobres.

Este tipo de seita tem inúmeros seguidores na Índia e não é incomum que os líderes tenham pequenas milícias privadas e fortemente armadas, para os proteger.

Cerca de 100.000 dos seus seguidores acamparam durante à noite em parques, praças e nas ruas da cidade, um subúrbio residencial tranquilo de Chandigarh, que é a capital comum dos estados de Haryana e Punjab.

A polícia criou barricadas com cancelas de metal revestidas com arame farpado ao longo das principais ruas na cidade, bloqueando ainda a rua que leva ao tribunal.

Oficiais a cavalo supervisionavam as multidões que estão próximas do tribunal.

Escolas estão fechadas, os serviços de comboios foram cancelados, atrasando todo o tráfego ferroviário no norte da Índia.

Os serviços de internet e telemóveis não estão a funcionar naquela zona a pedido do Governo.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt