A autoproclamada República popular de Donetsk (DNR), leste da Ucrânia, anunciou esta sexta-feira que vai julgar cinco alegados mercenários estrangeiros (três britânicos, um sueco e um croata), que poderão ser condenados à morte."O julgamento vai decorrer na segunda-feira, 15 de agosto, e decorrerá à porta-fechada", afirmou um porta-voz do Supremo tribunal à agência noticiosa russa Interfax..Os cinco estrangeiros são acusados, entre outros crimes, de participação em combate na qualidade de mercenários e de cometerem ações destinadas a tomar o poder e reverter a ordem constitucional..As autoridades russófonas locais já apresentaram no início de julho diversas atas de acusação dirigidas a dois dos britânicos, Dylan Healey e Andrew Hill, por lutarem nas fileiras do exército ucraniano..Enquanto Hill, veterano da guerra do Afeganistão, se filiou na Legião Estrangeira, Healey é um voluntário envolvido em atividades humanitárias na Ucrânia, segundo garantiu a organização britânica Presidium Nework..Há pouco mais de um mês, o Conselho Popular e Legislativo dos separatistas de Donetsk, região do Donbas, repôs a aplicação da pena de morte após anular a moratória em vigor.."A possibilidade de aplicação deste medida excecional, a pena de morte, servirá como um fator de contenção à comissão de crimes especialmente graves, em particular, crimes contra a humanidade", informou o Conselho Legislativo..Em junho, o Supremo tribunal de Donetk já condenou à morte os prisioneiros britânicos Shau Pinner e Aiden Aslin, e o marroquino Braguim Saadun, acusados de serem mercenários ao serviço do exército ucraniano..A pena capital não pode ser aplicada contra os detidos pelo facto de os advogados de defesa terem recorrido da sentença..Segundo as autoridades russófonas de Donetsk, o cidadão britânico Paul Urey, capturado em abril, morrer numa prisão devido "a diversas doenças crónicas"..Esta semana o ministério da Defesa russo informou que 21 mercenários norte-americanos, 99 polacos e 36 canadianos, entre outros, já foram mortos desde o início da campanha militar na Ucrânia..A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)..Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia..A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto..A ONU confirmou que 5.401 civis morreram e 7.466 ficaram feridos na guerra, que esta sexta-feira entrou no seu 170.º dia, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.