Tribunal condena os 14 autores do atentado ao jornal Charlie Hebdo
O tribunal especial de Paris considerou culpados todos os 14 acusados dos atentados terroristas às instalações do jornal satírico Charlie Hebdo e ao supermercado judaico, ambos na capital francesa, em janeiro de 2015. Todos eles foram condenados com penas que variam entre os cinco anos e a prisão prepétua.
Mohamed Belhoucine, que fugiu para a Síria e foi julgado à revelia, teve a pena mais pesada, foi condenado a prisão perpétua. A 30 anos foram condenados Hayat Boumeddiene, namorada do principal responsável do ataque ao supermercado que também fugiu para a Síria, bem Ali Riza Polat, o braço direito e principal cúmplice do ataque.
Os restantes condenados foram Amar Ramdani (20 anos de prisão), Nezar Pastor Alwatik (18), Willy Prévost (13), Saïd Makhlouf (8), Abdelaziz Abbad (10), Mohamed Amine-Farès (8), Metin Karasular (8), Mohamed Amine-Farès (8), Miguel Martinez (7), Michel Catino (5) e Christophe Raumel (quatro anos de prisão, dos quais já cumpriu três).
O veredito foi conhecido esta quarta-feira após quase três meses e meio de processo judicial e mais de 150 testemunhas e especialistas que tentaram reconstituir os atentados de janeiro de 2015.
Este veredito diz respeito não só ao ataque à redação do jornal satírico Charlie Hebdo, levado a cabo pelos irmãos Kouachi e no qual morreram 12 pessoas, mas também aos ataques perpetrados nos dias seguintes por Amedy Coulibaly, com a morte de uma polícia em Montrouge, nos arredores da capital, e a morte de quatro pessoas num supermercado judeu.
Apesar de nenhum dos réus ter participado diretamente nos atentados - já que os autores foram mortos no local dos diferentes ataques -, foram condenados por terem ajudado na logística dos crimes e alguns deles por cumplicidade.
Todos os acusados defendem a sua inocência, alegando que desconheciam o intuito jihadista dos autores dos ataques, e a defesa disse mesmo tratar-se de "penas de loucos" para um processo "frágil" e "vazio".
Durante os 54 dias de audiência foram ouvidas as famílias das vítimas mortais, com especial atenção para os familiares dos cartoonistas do Charlie Hebdo, mas também as vítimas que sobreviveram, testemunhas e todas as pessoas que cruzaram o caminho dos terroristas entre 7 e 9 de janeiro de 2015.
Falaram ainda em tribunal os investigadores e foram mostradas provas como o vídeo da polícia logo após o ataque à redação do Charlie Hebdo. Também os acusados foram chamados a depor.
No início do processo, o Charlie Hebdo voltou a publicar as imagens do profeta Maomé e um novo ataque aconteceu junto às antigas instalações do jornal.
Ainda durante o processo, um dos acusados testou positivo à covid-19 e, de forma a respeitar todas as normas de segurança sanitária e evitar o contágio nas audiências, o processo foi várias vezes suspenso.