Três jogos e três votações decidem legitimação ou adeus de Bruno de Carvalho

Presidente diz que só fica se vencer com, pelo menos, 75% dos votos três pontos que vão ser submetidos a sufrágio na assembleia geral de dia 17. Mas até lá há jogos com FC Porto, Feirense e Astana
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Bruno de Carvalho estaria decidido a bater com a porta, na sequência da assembleia geral do último sábado, mas, ao que apurou o DN, "as centenas de mensagens" que recebeu durante o fim de semana, bem como a solidariedade dos restantes membros do Conselho Diretivo (CD), levaram-no a reequacionar os planos que tinha traçado inicialmente. A reunião de ontem à tarde do CD serviu para este esboçar um plano que servirá para perceber se os sócios estão com o presidente e restante equipa.

Assim, no dia 17 deste mês o Pavilhão João Rocha vai receber, pela primeira vez, uma assembleia geral com três pontos na agenda: novos estatutos, regulamento disciplinar e manutenção ou saída imediata dos órgãos sociais. Se não obtiver a aprovação com 75% em cada um destes pontos a saída imediata dos órgãos sociais é irreversível. "Está na altura de os sportinguistas mostrarem se querem este presidente e estes órgãos sociais ou não querem", referiu Bruno de Carvalho aos sócios, numa extensa comunicação de aproximadamente uma hora.

Cá fora, garantiu de forma veemente que se o clube for para eleições antecipadas, fruto da AG de dia 17, não será candidato. "Não, não, não, não, não. Fora de questão. Nunca mais voltarei, nunca mais voltarei", sublinhou.

Aos sócios, Bruno de Carvalho começou por dizer que no ponto três desejava para ficar "no mínimo o mesmo que obteve nas eleições". Ou seja, 86,13%. Aos jornalistas falou em "esmagadora maioria" e mais tarde percebeu-se, através do departamento de comunicação do Sporting, que Bruno de Carvalho queria referir-se aos 75%.

Até dia 17 a equipa de futebol principal dos verdes e brancos tem três compromissos importantes para as três competições que ainda disputa; amanhã defronta no Dragão o FC Porto em partida da 1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal, domingo recebe o Feirense em jogo do campeonato e na quarta-feira seguinte enfrenta o Astana, no Cazaquistão, relativo à 1.ª mão dos 16 avos-de-final da Liga Europa. E veremos como os resultados destes jogos podem influenciar a AG de dia 17, que se realiza no Pavilhão João Rocha para poder receber mais gente. A infraestrutura tem capacidade para três mil pessoas, mas com cadeiras no recinto terá condições suficientes para suportar a presença de quatro mil; com votação por voto secreto, ao contrário do que sucedeu no fim de semana e que acabou por gerar muita da confusão que se instalou.

O DN sabe que o CD debateu o que tinha a debater e depois pediu a presença de Jaime Marta Soares, presidente da mesa da assembleia geral, que foi muito criticado por Bruno de Carvalho pela maneira como conduziu a reunião magna do último sábado. Ainda assim, a solução foi encontrada em conjunto e com a anuência de Bruno de Carvalho e Jaime Marta Soares.

Candidato na sombra

Bruno de Carvalho falou demoradamente aos sócios. Queixou-se de estar sequestrado e ser "injuriado e difamado pelos sportinguistas há sete anos" e ser atacado por "metade de Portugal a toda a hora". E fez a distinção entre democracia e anarquia: "Não podemos numa assembleia geral ter sócios que acham que em vez de democracia se vive em anarquia, que chamam o presidente de mentiroso, que mandam baixar a bolinha... este é o Sporting da treta, da manipulação... criou--se uma mentira em torno dos estatutos e não posso admitir trabalhar 24 sobre 24 horas e nem sequer poder discutir as coisas."

O momento mais intrigante do discurso aos sócios teve que ver com o facto de existir um elemento do universo leonino que está a preparar-se para se lançar à corrida presidencial.

"Sei que existe aí alguém preparado para ser presidente que manda os peões de brega à frente, veremos. Mas uma coisa é certa: é a última vez que vai acontecer isto comigo. Arrumem as cabeças, já basta aturar os outros", sentenciou Bruno de Carvalho, com Jaime Marta Soares ao seu lado e perante o silêncio dos associados. Estes e outros têm a solução para um dilema que só vai terminar no dia 17, mas antes muita bola vai rolar...

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