As dioceses de Lamego, Santarém e Porto consideram que não se justifica avançar com uma comissão para acompanhar denúncias de abusos sexuais infligidos por membros do clero. O oposto pensam os responsáveis de Lisboa e Setúbal - a comissão da diocese da capital já reuniu com as personalidades que a constituem e a de Setúbal está em fase preparação - avança o Público..A Diocese de Lamego respondeu ao jornal que não vale a pena criar um grupo de trabalho para "tratar um assunto que não existe". Santarém considerou que "não é pertinente nomear uma comissão" e que já tem dois padres que contam com o apoio de um psiquiatra para atendimento de denúncias e reclamações. O bispo do Porto já tinha tornado pública a sua opinião numa entrevista à TSF..Seis dioceses ponderam avançar com uma comissão que analise e faça a triagem dos abusos mas fazem depender a decisão da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que se reúne entre segunda e quinta-feira próximas em Fátima. Os bispos portugueses vão aliás discutir as diretrizes da cimeira de fevereiro que o papa patrocinou exclusivamente dedicada aos abusos sexuais por membros da Igreja..O Público questionou as 20 dioceses da Igreja Católica no país, mas só obteve resposta de nove - Lisboa já tinha anunciado a criação da comissão e o bispo do Porto disse recentemente que não vai criar qualquer organismo. Em entrevista à TSF, D. Manuel Linda disse que estão a ser feitas mudanças sérias na Igreja para travar abusos sexuais. Fez ainda questão de sublinhar que, até ao momento, não se registou nenhum caso no Porto..As dioceses de Aveiro, Leiria-Fátima; Bragança-Miranda, Évora, Faro e Vila Real ponderam a criação de uma comissão, dependendo da orientação que sair da Conferência Episcopal - acrescenta o Público, com base nas respostas dadas pelas dioceses..A Diocese de Lisboa foi a primeira a avançar com a comissão, que é coordenada pelo bispo auxiliar D. Américo Aguiar. O órgão é composto pelo antigo procurador-geral da República Souto Moura, pelo ex-diretor nacional da PSP Francisco Oliveira Pereira, bem como pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht e pela psicóloga forense, Rute Agulhas, entre outros.."As comunidades e instituições católicas da Diocese, como as da Igreja em geral, devem ser espaços de convivência feliz e segura para todos, especialmente para os menores e os mais frágeis. Para colaborar neste sentido, prevenindo e superando tudo o que o contrarie, crio no Patriarcado de Lisboa uma Comissão para a Proteção de Menores, composta por pessoas com experiência nas áreas da psicologia, psiquiatria, justiça civil e canónica e comunicação social", escreveu o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que participou na cimeira de Roma sobre abusos sexuais..Por seu lado, a Diocese de Setúbal, liderada pelo bispo D José Ornelas, está a braços com a denúncia de que um padre de Almada teria abusado de uma criança de cinco anos nas instalações do Centro Paroquial. A Diocese emitiu um comunicado onde diz ter pedido ao Ministério Público que averiguasse o caso.."A Diocese de Setúbal reafirma a sua orientação de total intransigência perante qualquer situação de abuso de menores, estando disponível para apurar a verdade, em colaboração com as autoridades competentes, respeitando as pessoas envolvidas, e aguardando o desenvolvimento da averiguação em curso", lê-se no comunicado.