Três argelinos mortos em atentado atribuído a Marrocos

Os camionistas argelinos terão sido mortos em Bir Lahlou, no Saara Ocidental. "O seu assassínio não ficará impune", garantiu a presidência da Argélia, que homenageou "as três vítimas inocentes de um ato de terrorismo de Estado".
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Três cidadãos argelinos foram mortos na segunda-feira num atentado bombista atribuído a Marrocos e que visou camiões que ligavam a Mauritânia à Argélia, noticiou esta quarta-feira a agência oficial argelina APS.

A agência, que cita um comunicado da presidência argelina, adiantou que "três cidadãos argelinos foram cobardemente assassinados pelo bombardeamento bárbaro dos seus camiões, enquanto faziam a ligação Nouakchott-Ouargla".

"Vários fatores apontam para as forças de ocupação marroquinas do Saara Ocidental como [responsáveis] por este assassínio cobarde feito com armamento sofisticado", acrescentou a mesma fonte.

Com cerca de 3500 quilómetros de extensão, a estrada que liga Nouakchott a Ourgla, no sul da Argélia, segue ao longo do Saara Ocidental.

O comunicado não especifica o local exato onde terá ocorrido o ataque, mas o diretor do site de informação militar Mena Defense, Akram Kharief, avançou à agência francesa de notícias AFP que "os camionistas argelinos foram mortos em Bir Lahlou, no Saara Ocidental".

"O seu assassínio não ficará impune", garantiu a presidência da Argélia, em comunicado, homenageando "as três vítimas inocentes de um ato de terrorismo de Estado".

Após a publicação inicial de informação sobre este incidente nas redes sociais, na terça-feira, o exército mauritano negou que o ataque tenha acontecido em território mauritano.

Marrocos não comentou oficialmente as acusações, mas, à AFP, fonte informada do reino afirmou que "Marrocos não se deixará envolver numa guerra com a Argélia".

A mesma fonte, que pediu anonimato, fez saber que Marrocos não alvejou os camionistas e que "nunca terá como alvo os cidadãos argelinos, independentemente das circunstâncias e das provocações".

O Saara Ocidental, uma ex-colónia espanhola, é considerado "território não autónomo" pela ONU por falta de um acordo definitivo entre Marrocos e Argélia, que apoia a Frente Polisário, movimento que defende a autonomia do Saara Ocidental e instituição da República Árabe Sarauí Democrática.

As tensões aumentaram recentemente, tendo, em agosto, chegado a uma rutura das relações diplomáticas entre a Argélia e o seu vizinho Marrocos.

A crise eclodiu após a normalização das relações diplomáticas entre Marrocos e Israel, em troca do reconhecimento pelos Estados Unidos da soberania marroquina sobre o Saara Ocidental.

Rabat controla quase 80% daquele vasto território desértico, mas com um subsolo rico e águas limítrofes repletas de peixes, enquanto Argel apoia os separatistas sarauís da Frente Polisário.

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