Transporte rodoviário polui mais que produção de eletricidade
O transporte rodoviário e a produção de eletricidade são os setores que mais emitem gases com efeito de estufa, atingindo perto de metade do total, e a central de Sines, da EDP, lidera a lista divulgada pela Zero.
Os dois primeiros lugares do 'ranking', elaborado com base em várias fontes de informação, são ocupados por centrais termoelétricas a carvão - de Sines (da EDP) e do Pego (da Tejo Energia) - que juntas representam quase um quinto das emissões de dióxido de carbono equivalente de Portugal.
"Nas empresas, segundo dados de 2015, em primeiro lugar está a central de Sines, claramente destacada, com mais de 13% das emissões totais de Portugal, seguida da central do Pego, duas centrais a carvão que têm um peso muito grande nas emissões de dióxido de carbono", revela o presidente da Zero.
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Francisco Ferreira disse hoje à agência Lusa que "a seguir está a refinaria de Sines [da Petrogal], depois a Cimpor [Centro de Produção de Alhandra] e por último uma empresa do setor da aviação, a TAP".
O presidente da Associação Sistema Terrestre Sustentável - Zero salientou que, "enquanto a Cimpor entre 2014 e 2015 tem um decréscimo significativo de cerca de 10% nas emissões, quer a refinaria, com um aumento de cerca de 14%, quer o setor da aviação, neste caso a TAP, com mais praticamente 5%, acabam por mostrar tendências relevantes para o futuro".
A Zero divulga o 'ranking' antes da entrada em vigor do Acordo de Paris, na sexta-feira, depois de cumprida a exigência da ratificação de, pelo menos, 55 países responsáveis ou por 55% das emissões de gases com efeito de estufa, o que foi conseguido a 04 de outubro.
Por setores, "em primeiro lugar, [está] o transporte rodoviário, seguido imediatamente da produção de eletricidade em centrais térmicas onde aquelas a carvão têm um peso muito significativo", relatou Francisco Ferreira, acrescentando que a diferença entre os dois setores é de apenas de um ponto percentual.
Depois, "temos um setor relevante que é o da indústria cimenteira que, pela natureza do seu processo, emite consideráveis quantidades de gases com efeito de estufa, em particular o dióxido de carbono, [seguindo-se] os aterros onde o poluente principal é o metano", continuou.
Na análise da Zero surgem em quinto lugar as emissões relacionadas com a alimentação e referem-se ao metano associado à digestão, principalmente do gado bovino.
O transporte rodoviário ocupa o primeiro lugar, com 23,5% do total de emissões, seguido da produção de eletricidade com 22,5%, totalizando 46%.
A indústria cimenteira surge depois, a uma distância grande, com 6,1%, seguida de perto pelos aterros, com 5,9% e pela chamada fermentação entérica, dos ruminantes, com 5,3%.
Acerca das centrais termoelétricas, que os ambientalistas querem ver fechadas e substituídas pelas energias renováveis, Francisco Ferreira explicou que "a queima de carvão é muito ineficiente e por cada quilowatt hora de eletricidade produzida emitem cerca de 900 gramas de dióxido de carbono equivalente", enquanto uma unidade de ciclo combinado a gás natural emite 360 gramas.
Quanto à aviação, tem "ainda tem um peso relativamente baixo à escala mundial, mas um crescimento elevado e com tendência para assim continuar se não forem tomadas medidas", alertou.
Os dados recolhidos e compilados pela Zero referem-se ao relatório obrigatório de cada instalação abrangida pelo Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), relativamente a 2015.