As repercussões do atentado de domingo, que causou sete mortos e 48 feridos, dos quais 18 estão em estado crítico, continuavam ontem no centro da campanha para as eleições de quinta-feira, afetando a primeira-ministra Theresa May, cujo partido tem vindo a cair nas sondagens. Quando foram convocadas as legislativas antecipadas, os conservadores tinham uma vantagem de mais de 20 pontos, hoje, as sondagens concedem-lhes uma vantagem entre os quatro e os 12 pontos..Divulgada pelo The Guardian, com parte dos trabalhos de campo realizados após ser conhecida a notícia do atentado, uma sondagem do ICM dava ao partido da primeira-ministra 45% e 34% aos trabalhistas. A grande distância seguiam-se os liberais-democratas, com 8%, os eurocéticos do UKIP, com 5%, e os nacionalistas escoceses, com 4%. Uma outra, do instituto YouGov, com as entrevistas realizadas no dia do ataque em Londres, colocam os conservadores com 42%, enquanto os trabalhistas têm 38% (ver infografia). Com base nestes resultados, o partido de May teria 305 deputados - menos do que os 330 obtidos nas últimas eleições por David Cameron - e os trabalhistas 268, que têm 229. São necessários 326 votos para a aprovação de legislação por maioria..Embora continuem a ser o partido mais votado em todos os setores etários, com exceção do grupo entre os 18 e os 24 anos, e em todos os segmentos sociais, de acordo com um estudo YouGov citado ontem pelo The Telegraph, a previsível vitória dos conservadores começa a apresentar contornos de um revés para o partido, que podem ainda acentuar-se até quinta-feira..Dirigentes trabalhistas, a começar pelo líder Jeremy Corbyn, pediram ontem a demissão de May, lembrando que ela foi ministra do Interior nos últimos seis anos e que neste período foram retirados meios e efetivos à polícia e reduzidas as verbas para as forças de segurança. Para Corbyn, "é preocupante que ela [Theresa May] tenha estado no Interior todo este tempo, seja responsável por todas essas reduções nas polícias e venha agora dizer que temos um problema". Mais contundente, o mayor trabalhista de Londres, Sadiq Khan, recordou que "a cidade perdeu 600 milhões de libras [688 milhões de euros] nos últimos sete anos. A verdade é que tivemos de fechar esquadras da polícia, vender edifícios da polícia e assistimos à redução das forças de segurança em alguns milhares de efetivos"..No final de uma reunião do comité de resposta a crises, a primeira-ministra britânica assegurou que o orçamento para as forças envolvidas na luta antiterrorista estava "protegido" e não deixou de lembrar que Corbyn defendera a redução do número de efetivos de polícia. Por outro lado, evitou responder a perguntas sobre os cortes feitos na época em que esteve na pasta do Interior e suas possíveis consequências na deterioração das condições de segurança no Reino Unido. Dados oficiais mostram que entre 2010 e 2016 o número de polícias armados caiu de quase sete mil para menos de 5700..Num comentário à situação atual, a primeira-ministra avisou que permanece como muito provável a realização de novos atos terroristas, continuando em vigor o segundo nível mais elevado de ameaça, o "grave". May disse que, por causa desta ameaça, foram adotadas novas medidas de segurança, entre as quais o reforço de elementos armados nos lugares públicos e a colocação de barreiras de proteção em pontes de Londres, e que os atacantes do terceiro ataque terrorista no Reino Unido desde 22 de março estavam identificados. Nesta data, um indivíduo de 52 anos matou cinco pessoas e feriu mais de 50 junto de Westminster, em Londres. A 22 de maio, um indivíduo de 22 anos, nascido no Reino Unido de pais líbios, realizou um ataque suicida à saída de um concerto em Manchester, matando 23 pessoas e ferindo mais de cem..Identidade dos atacantes.Ainda em relação à presente vaga de ataques, a polícia britânica revelou ontem ter neutralizado cinco atentados desde o sucedido a 22 de março. A chefe da polícia de Londres, Cressida Dick, explicou que, ainda que não esteja ausente uma certa componente internacional nestas ações, os ataques possuem um "centro de gravidade" essencialmente interno..A Scotland Yard divulgou ao final da tarde o nome de dois dos atacantes. Khuram Shazad Butt, de 27 anos, casado e pai de duas crianças. Conhecido pelo nome de Abz, participou num documentário sobre islamitas no Reino Unido exibido em 2016 pelo Channel 4. Segundo o MailOnline, que ouviu os seus vizinhos, Butt vivia traumatizado pela morte do pai, quando tinha 12 anos, e a sua radicalização terá sucedido em 2013; era conhecido da polícia. O segundo, Rachid Redouane, de 30 anos, não era conhecido e será líbio ou marroquino. A Scotland Yard anunciou ainda 12 detenções, sete mulheres e cinco homens, relacionadas com o ataque.