"Tornou-se um risco de segurança." Borrell sobre o fim do acordo com a Rússia de facilitação de vistos

"Não nos queremos isolar daqueles russos que são contra a guerra na Ucrânia", afirma Borrell
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Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, afirmou esta quarta-feira que "o crescente número de entradas" de cidadãos russos em solo europeus, que se regista desde "meados de julho", representa um "risco para a segurança", em particular para os países mais próximos.

Apresentando alguns argumentos que estiveram na base da decisão política de suspensão do acordo de facilitação de vistos a cidadãos russos, Borrell afirmou que depois do início da guerra na Ucrânia, a União Europeia "não podia continuar como se nada fosse".

"Temos assistido inúmeros russos a viajar por lazer e para fazer compras, como se não houvesse uma guerra na Ucrânia", afirmou, considerando que tais circunstâncias levaram a que fosse decidida "a suspensão total do acordo entre a União Europeia e a Rússia para a facilitação de vistos". "Isto irá reduzir significativamente o número de vistos emitidos pelos Estados-Membros da União Europeia. O processo será mais difícil e mais demorado", afirmou.

A consequência "será um número de novos vistos substancialmente reduzido", mas não significará a proibição total da entrada de cidadãos russos no espaço europeu, como defendiam alguns governos.

"Não nos queremos isolar daqueles russos que são contra a guerra na Ucrânia e não nos queremos isolar da sociedade civil russa", afirmou Josep Borrell, no final da reunião em Praga, República Checa, em que os ministros dos Negócios Estrangeiros adotaram a decisão por maioria qualificada.

Porém, a emissão de vistos em circunstâncias especiais ficará dependente de uma "análise detalhada, numa base individual". Os 27 decidiram ainda que não reconheceriam a validade dos passaportes russos entregues aos cidadãos ucranianos nas regiões separatistas sob controlo de Moscovo.

Na manhã desta quarta-feira, a falar à entrada para o encontro, Josep Borrell reconhecia a existência de "posições diferentes entre os diferentes Estados-Membros", sobre um tema "importante", mas prometia "trabalhar pela unidade da UE, por uma posição comum e unificada".

"Não podemos permitir uma posição desunida numa coisa tão importante como são as relações de pessoas com pessoas: entre a sociedade russa e a sociedade europeia", vincou.

O acordo para a facilitação de vistos com a Federação Russa estava em vigor desde 1 de julho de 2007, mas encontrava-se suspenso desde 28 de fevereiro de 2022, de acordo com a decisão do conselho adotada na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.

A União Europeia dispõe ainda de acordos de facilitação de vistos, desde 2014, com Cabo Verde, Arménia e Azerbaijão.

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