Tiago Pires favorito na Ericeira, prevê o ex-selecionador de surf

José Braga, através da sua experiência de 15 anos como selecionador, faz uma análise distanciada e objetiva do Allianz Ericeira Pro, etapa que arranca hoje em Ribeira d'Ilhas
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A Liga Meo Surf arranca hoje e decorre até domingo em Ribeira d'Ilhas, Ericeira, um dos locais mais emblemáticos da história do surf de competição em Portugal, e o DN pediu a José Braga, ex-selecionador nacional, para arriscar alguns prognósticos sobre a etapa, o Allianz Ericeira Pro.

José Braga, que orientou a seleção nacional em três ocasiões diferentes durante um período total de 15 anos, com cinco títulos europeus no palmarés, é, atualmente, um observador atento mas reservado da Liga, pelo que tem uma visão muito objetiva da prova e dos seus protagonistas, a começar por alguém que marca pela ausência: Frederico Morais, surfista que este ano compete no World Tour e, como tal, está proibido de atuar fora das provas da World Surf League.

"Por um lado, é bom que o Kikas não compita na Liga Meo Surf este ano. É claro que todos gostaríamos de o ver mais vezes em Portugal, mas a sua ausência acaba por abrir mais espaço a outros surfistas que, provavelmente, não teriam tanto destaque", considera.

Dito isto, a primeira aposta de José Braga para a vitória na Liga deste ano não é na juventude mas na experiência: "Este pode bem ser o ano em que o Tiago Pires conquista o primeiro campeonato nacional desde que existe uma liga profissional. Ele esteve muitos anos mais concentrado no circuito mundial e nas provas internacionais e agora, livre desse peso, e, ainda por cima, parece que com nova motivação, é o surfista que eu colocaria no topo dos meus prognósticos para conquistar o título."

No naipe de candidatos, para José Braga, surge logo a seguir um surfista que o ex-selecionador conhece bem, pois viu-o crescer e vencer nas seleções nacionais de juniores e seniores: Vasco Ribeiro.

"O Vasco é o surfista de quem sempre esperamos qualquer coisa diferente. É talento puro. Se o Saca tem como ponto forte o seu power surfing e a forma como usa o rail, o Vasco é aquele que tem um leque de manobras mais vasto e o surf mais moderno, capaz de fazer tudo aquilo de que não estamos à espera. A questão é perceber até que ponto ele está empenhado na Liga, pois sabemos que desde há anos a sua prioridade é a competição internacional e o acesso ao World Tour", explica José Braga.

O campeão nacional, Pedro Henrique, também é um dos favoritos do ex-selecionador nacional: "É um surfista a ter em conta em qualquer prova. É um atleta com experiência de circuito mundial, muito bom em manobras aéreas, e que tem na sua combatividade e raça um ponto muito forte. É um bom exemplo para o surf nacional que sofre ainda do facto de ter sido, durante muitos anos, um desporto elitista. Para os brasileiros, o surf significava poder mudar de casa, mudar de vida e isso moldou uma cultura que o Pedro personifica muito bem. É certo que agora é um surfista naturalizado português, mas o ADN do seu surf é tipicamente brasileiro."

Depois destes três nomes, José Braga aponta uma "segunda linha" que poderá surpreender: "O Marlon Lipke é um nome a ter em conta se não estiver muito disperso na competição internacional; o Zé Ferreira esteve perto de vencer o ano passado e tem estado a surfar muito bem, o Miguel Blanco é outro surfista a ter em conta se estiver focado no panorama nacional, e o Guilherme Fonseca, de Peniche, é um dos jovens que tem evoluído muito nos últimos anos e que tem margem de progressão para ir mais longe."

Teresa Bonvalot na pole position

Na competição feminina da Liga Meo Surf, o campo é um pouco mais limitado, com a ex-campeã nacional Teresa Bonvalot a liderar as contas de José Braga. Tudo depende do desejo da jovem surfista de Cascais (17 anos) em competir em ondas nacionais, sublinha: "A Teresa é uma surfista que está muito virada para a competição internacional e que se sente bem a competir no estrangeiro. Não é um caso como, por exemplo, o Vasco Ribeiro, que apesar de surfar muito lá fora, é um surfista "caseiro", que adora competir no seu país. Contudo, pelo seu talento, se a Teresa apostar forte na Liga é uma forte candidata a vencer."

Depois, no pódio das expectativas de José Braga, surgem dois nomes cuja menção não surpreende os seguidores do surf português. "A Carol Henrique, a atual campeã nacional, pela capacidade de trabalho que partilha com o irmão Pedro, e a Camila Kemp", aponta.

Esta última, surfista portuguesa de ascendência alemã, até é, na opinião de José Braga, um bom caso de estudo para as jovens surfistas nacionais: "A Camila foi uma boa surpresa para mim. Cresceu, física e mentalmente, até um ponto em que é uma das mais fortes surfistas nacionais. Penso que seja o tal pragmatismo alemão. Ela é muito portuguesa em algumas coisas, mas soube beber bem da cultura do país dos pais."

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