"The Crown": Casa Real britânica nega veto ou aprovação do guião
A série de televisão que acompanha a vida e reinado da rainha Isabel II surgiu em 2015, está prestes a estrear a terceira temporada e a Casa Real britânica nunca se tinha pronunciado sobre o rigor histórico do guião de The Crown. Até agora.
Numa carta enviada ao jornal britânico The Times e depois à CNN, Donal McCabe, secretário de comunicações da Rainha Isabel II, diz que "a Casa Real nunca concordou em vetar ou aprovar, nunca pediu para saber que tópicos serão incluídos e nunca expressaria uma visão sobre o rigor do programa."
A declaração do secretário da Rainha surge depois de o autor da série, Peter Morgan, ter dito ao The Guardian que se encontra "regularmente com pessoas muito bem posicionadas e muito ativas dentro da organização", referindo-se à Casa Real.
O guionista, que também escreveu os filmes Frost/ Nixon e A Rainha, garante que se encontra com membro do agregado real quatro vezes por ano. "Digo-lhes o que tenho em mente e eles encolhem-se ligeiramente. Mas só ligeiramente."
Donal McCabe considera que as palavras de Peter Morgan podem "levar os leitores a pensar que a série de televisão The Crown é de alguma forma apoiada pela Casa Real ou que existe uma aceitação por parte da Casa Real de que o drama é factualmente correto."
"Apreciamos que os leitores do The Times possam desfrutar da interpretação ficcionada de eventos históricos, mas devem saber que a Casa Real não é conivente com as interpretações feitas no programa", acrescentou na sua carta.
A terceira temporada marca o arranque de um novo elenco:
- A rainha de aspeto ainda juvenil que era Claire Foy dá lugar a Olivia Colman, vencedora do Óscar de Melhor atriz na última edição pelo desempenho em A Favorita.
- Philip é Tobias Menzies (que foi Frank e Jonathan Randall na série Outlander), tomando o lugar do ator Matt Smith.
- A princesa Margaret jovem e irreverente que interpretou Vanessa Kirby será agora a atriz Helena Bonham-Carter.
O orçamento de cada temporada merece menção: 56 milhões de euros ou o equivalente ao que a BBC paga por seis séries dramáticas, nas contas do The Guardian. Há anos, escrevem, em que fazer uma temporada de The Crown custa mais do que o fundo que o governo britânico paga à rainha.
O orçamento permite ter à frente do elenco uma atriz vencedora do mais importante prémio da indústria e mais investigação histórica de figurinos, localizações e linguagem. Cinco historiadores trabalham na série.
Nas primeiras duas temporadas, o autor e produtor executivo Peter Morgan, socorreu-se de muito do que foi escrito, publicado e gravado da vida da rainha -- a primeira na era da televisão -- para construir a narrativa. À terceira, que vai das eleições de 1964 a 1977, a regra mantém-se. Um antigo tutor do príncipe Charles, por exemplo, foi entrevistado para a série fornecendo algumas notas das suas aulas.
Estão previstas seis temporadas da série, acompanhando Isabel II desde a morte do pai, George VI, até ao século XXI.