The 1975: Uma estreia em álbum intrigante

Quarteto de Manchester estreou-se recentemente com um álbum homónimo, que é uma das grandes surpresas deste ano.
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Artista: The 1975

Título: 'The 1975'

Editora: Polydor / Universal Music

Classificação: 5/5

O nome da banda pode apontar para o ano de 1975, mas a sua música deve muito mais às referências da new wave britânica de oitentas. No entanto, resumir a estreia em álbum deste quarteto de Manchester (que se formaram há dez anos, durante os quais foram mudando constantemente de nome até se fixarem como The 1975 no início do ano passado) a um mero revivalismo new wave seria altamente redutor perante um dos discos mais intrigantes deste ano.

Descortinar o som deste grupo pode ser uma tarefa algo impossível de concretizar de forma precisa.

Enumerar como referências nomes tão díspares como Prefab Sprout, Scritti Politti, U2, Peter Gabriel, Blue Nile, Fall Out Boy ou Savage Garden, não é totalmente descabido.

Daí esta estreia ser tão intrigante. Ao longo das dezasseis canções que integram este álbum pode-se encontrar alguns dos ganchos melódicos mais certeiros e apuradamente pop que se ouviram este ano. O refrão do single Chocolate (e o impulso juvenil do seu coro) quase que poderia fazer parte de um disco de uma boy band, mas a base da canção aponta para caminhos bem distintos, mais próximas da powerpop dos oitentas e da leveza da new wave britânica.

Quando seguem a via da ambição épica, com laivos de rock de estádio à la U2, o resultado nem sempre é o mais feliz (oiça-se o single Sex), mas, felizmente, esse caminho é uma excepção no disco. Por exemplo, o inicio da canção Menswear remete, ao de leve, para a dream pop de uns Blue Nile. Já Heart Out (um dos momentos altos do álbum) termina com um solo de saxofone de uma luminosidade que contrasta com o imaginário obscuro que a banda tenta transparecer nos seus vídeos e na própria capa do disco.

Ainda que o sotaque do vocalista, Matthew Healy, seja tão intrincado que se torna, muitas das vezes, difícil de descortinar, quando essa barreira é quebrada encontra-se excelentes letras sobre a vivência adolescente.

The 1975, o álbum, é verdadeiramente surpreendente porque cada canção aponta para múltiplas referências (e nem sempre as mais desejáveis), mas de uma forma que foge sempre ao esquema óbvio, e mantendo uma enorme segurança na escrita de canções pop.

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